playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

23 de dezembro de 2008


"Me lembra de mim, 
me lembra pra mim"


18 de dezembro de 2008

Seja indispensável para alguém, diz a tal sorte do dia.
Madonna exige manicures loiras e poliglotas.
Eu me pareço cada dia mais com meu buddy poke.
O peito dá um pequeno aperto ao fim da tarde.
Ouço músicas dor de cotovelo, e me pergunto pra quê mais?
Almoço feliz, com gente feliz.
Um bom vídeo na rede, vê lá: http://playingforchange.com/
Falo pelos cotovelos pra disfarçar um silêncio-luto interno.
e percebo estar atrasada... até am....

17 de dezembro de 2008

Nunca dou um serviço por aqui né. então aí vai um que achei, no mínimo, interessante.



dá pra saber se vai dar pra chegar lá com dez pilas. 

minha cabeça parece estar com vento dentro. Meu coração tá morando numa caixa de fósforos, mas uma caixa própria.

11 de dezembro de 2008

Dia a dia, tiraram-lhe coisas. O pai, o berço, o peito, as rodinhas da bicicleta, o colo, o primeiro lugar na fila...

O que sobrou ficou por dentro, e ora sai nas palavras, que são certeiras, mas nem sempre exatas. Fala por metáforas e não pretende que outros leiam exatamente o que escreveu, mas que possam enxergar todas as dimensões de uma única palavra combinada a outras. 
De alguma forma, tentam lhe tirar isso, o expressar-se, quando sentem necessidade de datá-la. 
Ainda que pichasse muros, invadisse casas, rabiscasse o coração alheio, talvez pudessem impedi-la, julgá-la ou culpá-la. Mas usa o rosto como papel e o próprio choro como tinta. E se ela entra em tua casa, foi porque a convidaste.
Palavras não derrubam portas, apenas abrem corações, se estes quiserem.
Leia o que ela escreve com os olhos abertos. Indague significados, mas não determine uma única causa.
Não queira enquadradar uma ebulição de sentimentos e sensações que não precisam ter nascente ou poente, apenas levantam possíveis "quem sabes".
Se leres com olhos fechados em si, provavelmente não te enxergarás aqui, muito menos a verá.
Nem toda carta tem um único destinatário.
Mas por vezes, uma carta especificamente endereçada deixa de chegar porque prestaram mais atenção ao remetente.

Metáforas, sim. Ela é assim. Eu sou assim.
Podem lhe tirar até a dignidade ao continuar pedindo perdão por me traíres. 
Só não podem querer lhe tirar a capacidade de sentir, e falar sobre isso, mesmo sem querer atingir nenhum alvo.

Não vais conseguir me ver se não quiser me enxergar.
Ela sou eu. E eu posso ser você...

9 de dezembro de 2008

Pela estrada afora, eu vou bem sozinha... três oportunidades ensolaradas e musicais de "let it go", mas Coragem, o cão covarde, me dominou. Os vales com rios e gramas verdinhas a perder de vista terminam descendo até o mar. Wow, Wow, Wow, ver-de-a-zul. 


Penso nos mortos. Não os que morreram, mas os mortos que todos temos e levamos na vida.
Tire a metacomparação e vai ver que sim, todos temos nossos mortos-vivos.
Pessoas que estiveram conosco e de repente viraram lembrança, às vezes lembrança tão presente que até dói. E o mais engraçado é que talvez esses "mortos", os vivos, sejam mais difíceis de acessar, porque na maioria das vezes não foi uma fatalidade que os levou, e sim uma escolha, uma vontade, uma incapacidade de ficar ou de os mantermos conosco.
Eles estão ali, ausentes-presentes, e precisamos tratá-los como se não estivessem mais no mundo para ignorar o quão simples seria querer tê-los de novo por perto.

Aos mortos-mortos ainda damos flores e homenagens. Dos mortos-vivos, escondemos nossa saudade.

E ainda não sei se manter morto um vivo é autoproteção ou uma puta perda de tempo e de amor.

2 de dezembro de 2008

"Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dar", entoa Djavan na primeira música do dia. E fica viu. Há uma hora e pouquinhos, me vem essa frase, desde que ouvi pela manhã, comendo uma maçã. Embora muitos dispensem seu pouco apreço pelo moço, eu gosto. Gosto e admiro, e acho que já disse isso antes por aqui. Gosto do jeito como ele brinca com as palavras, colocando-as de forma que percam a forma e de repente, puf, todo sentido do mundo.


Ando ausente daqui. Não sei se não tenho o que dizer ou se estou preguiçosa. 
Ontem o céu estava especial, com uma ponta de lua e dois planetas. Fiquei lá parada, com Pingo e Valentina, olhando pra cima. Especialmente azul.
Não ter e ter que ter pra dar é...

17 de novembro de 2008

Marta descobre algo muito engraçado. 

Ouve a risada e o provável comentário, e finge ter contado.
Percebe que agir ou imaginar teria o mesmo efeito.
Volta o pensamento para algo mais prático e segue o dia.
E desaprende aos poucos a presença.

13 de novembro de 2008

Bom dia.

Pão com ovo e café preto.
Adoro. Pronto, falei.
Do Mac, porque tenho esse lado americanizado que vem do útero (sim, porque do ovário que restou, pouco se aproveita).
Um buquê de flores, de todas as cores, pro amigo que me acompanha há meia vida e ainda consegue passar 3 horas me ouvindo, e melhor, me escutando, e melhor ainda, me dizendo coisas que me façam sentir melhor, ou pior dependendo da circunstância, mas que me abrem o coração, pra mim mesma. Obrigada, sempre, por toda paciência, porque eu bem sei que é necessária muita. No fim, apenas me abraça, me manda à merda (que é pra não banalizar) e assistimos ao final do jogo, sem prestar atenção nenhuma, porque enfim, só estamos ali, usando a luz da tv pra iluminar um abraço.
Até as coisas que mais me machucam parecem perder um pouco a força e a razão de existir depois dessas conversas. 
Tudo mentira ou tudo verdade... hora de tirar água do barco, ainda que seja de caneca.

Dizem que temos um anjo da guarda sempre nos acompanhando. Acho que tenho dois.

Saudade dos filhotes, de mim, de correr 5 minutos, do Prumirim...

12 de novembro de 2008

Às vezes penso nessa coisa toda de espiritualidade, missões, provas e o que de fato a gente tá aqui pra fazer.

Ontem assisti a uma menina falando durante meia hora sobre o Plano de cá e o Plano de lá. E quando paro pra pensar no que Eu estou fazendo, quase chego à conclusão de que a minha estadia por aqui resume-se em "DES". 
Em primeiro lugar, DESmitificar a mim mesma: que me achava uma pessoa tão evoluída, boa e etc. Tenho descoberto que não sou nada disso. Me sinto pequena, capaz de cometer erros horríveis, com os quais eu não concordo, mas cometo. Capaz de machucar pessoas tanto quanto me machucam, mesmo que eu tente de toda maneira não o fazer. 
E a dificuldade que se tem em estar de cara com defeitos próprios pode ser corrosiva.

Ai, vem o DESculpar-me: segundo um amigo que chocou-se ao descobrir que desculpa nada mais é que DES+CULPA=tirar a culpa, lido muito mal com ela. 

Então, DESligar-me ou DESapergar-me: e essa capacidade de considerar pessoas parte da minha vida. E a dificuldade de aceitar que não existe isso.

Enfim, DEScubro que não sou nada daquilo que acreditava ser. E DESejo entender cada lição por trás do fracasso.

Espero o desequilíbrio me guiar. 
Desatino, desato a chorar, despenco e despeço-me.

10 de novembro de 2008

"uma vontade de chorar. a mesma chuva que não molha"

na mala coloquei pouca coisa, quase nada. não sei quanto ficarei fora, mas gostaria que não fosse pra sempre. quero voltar.
doeu comprar a passagem. não escrevi bilhetes de despedida, porque se eu desaparecer e você não notar, não importava me despedir.
não sei se vai fazer frio ou calor daqui pra frente. por enquanto neva. ponho a língua pra fora e sinto um floquinho pousar na pontinha. gela e derrete. outro e outro e outro. deixei uma passagem debaixo do tapete na porta. para daqui 3 dias... pode remarcar se quiser. mas gostaria que viesse. 
compreendi algumas coisas, entre elas: 
que o teu amor não precisa ser igual ao meu. 
que a gente sente saudade até de quem não sente saudade. 
que imaginar o outro em vez de enxergá-lo é perigosíssimo.
que as lojas que fecham às 20h no domingo ficam à meia porta até 20h15, e que com jeitinho você consegue passar por baixo e comprar o que precisa fazendo uma cara de "ai meu deus".
que te ver e não te querer é improvável, é impossível.
que tomar café numa padaria nova no pé da serra às 6h48 da manhã de domingo pode ser triste e bom ao mesmo tempo.
que o que a gente julga cruel no outro às vezes é exatamente o que a gente faz.
que alguns sentimentos "muito bons" só impedem as boas coisas de acontecer.
que o vigésimo dia sem cigarro é mais difícil que os dois primeiros.

essa viagem é longa. me deseja boa sorte?

7 de novembro de 2008

Sou pobre. E enriqueço ao prestar atenção nos outros.

A porta do carro brutalmente violada nada se parece comigo, que me abro sem senhas, sem travas, sem alarmes.
Minha pobreza reflete um tanto de não-sei-o-quês que acumulo ao não decifrar olhares.
Gosto da forma, antepondo-me a minha disformidade natal.
Aplico-a a todas as letras que ouço ou desenho. Sim, não sei escrever, apenas desenho as letras.
Prefiro as frases perdidas nonsense. Estimulo glândulas lacrimais com repetições compulsivas de lembranças. 
Tenho apego à dor, acho eu. Talvez o bem mais fácil de se adiquirir.
Fermento na esperança de azedar. E chego a vestir um luto pueril, mas vim vacinada de tal forma que abro um sorriso suculento toda vez que uma imagem, um cheiro ou uma voz me aconchega, mesmo que sem querer.
Às vezes, você nem nota que sorrio chorando. E segue dando gargalhadas.
Escrevo com canetas vermelhas. 
Deixo coisas cairem das mãos.
Como, quando estou triste, por um motivo que ainda não consigo definir.
Me esforço para resolver qualquer coisa nesta vida que não me faça repetir provas na próxima.
Perdôo, mas sempre espero consciência.
Gosto das palavras "cumplicidade", "bacana", "óbvio", "implicante", "negrinho" e "coisa".
Queria tatuar "Não" no meio do peito, mas há protestos.
Tenho preguiça de sorrisos não divididos, fotos sem pessoas, chuva sem trovão.
Detesto doce, mas como um vidro de Nutella sem sofrer.
Me superestimo, mas me subfaturo.
Tenho tantas coisas, e talvez só queira uma.
Dificilmente me conformo, e isso um dia me mata.

5 de novembro de 2008



4 de novembro de 2008

Tô aqui pra ser sincera, porém polida.

Hoje confirmei a expressão "quem procura acha" e encontrei no meio do palheiro respostas para perguntas que nunca fiz. Mas foram bem-vindas, apesar de eu preferir não me decepcionar (embora seja difícil para alguns acreditarem nisso).
Sem saber por onde começar, mais uma vez me surpreendo.
E talvez sirva para que eu possa confirmar mais uma teoria minha da qual muitos discordam, porém, até que provem o fato: 
infiel sim, desleal nunca!
basicamente uma definição - pra resumirmos a cousa num contexto inteligível = fidelidade ao corpo, ao contrato, à convenção - lealdade à alma, ao sentimento, ao coração.
Para tanto consideramos a traição de um amigo, deslealdade e a de um amor, infidelidade.
dá pra entender? não? ai, caramba.
vamos ver se nos próximos dias, consigo te situar melhor. No momento, só penso que poderia desacreditar da maioria das pessoas, mas, ainda, à primeira vista, enxergo no outro um espelho de mim... e confio. Até que me prove o contrário, como mais um o fez.

confissão: meus defeitos tornam-se tão minúsculos às vezes que quase acredito nos que me têm apreço.
e uma pergunta: não deveríamos dizer "amo" apenas quando fóssemos capazes de saber o que isso significa?
não confunda nunca amor com o momento que vive. Amar não tem nada a ver com corpo, com anéis, com compromisso, com dividir espaços ou até vidas. Amar não é desejo, nem saudade. Amar é simplesmente cuidado. E é basicamente o que falta a quase todos que dizem "amo", pensa nisso.

E que orgulho tenho de mim por ter sido leal principalmente aos quais para quem não disse te amo. 

28 de outubro de 2008

ando sem muito ânimo pra escrever. não que não haja inspiração. Há, mas ela chega tarde da noite, quando não tenho forças para digitar, ou no meio do trânsito, ou quando lembro. E nunca consegui ser dessas que carrega um bloquinho ou um gravador e tudo registra. Confio demais em mim, confio demais na memória e ela constantemente me trai, quase como um deboche. Afirmando minha incapacidade de controle.
O momento vem, as palavras certas, a emoção... penso: "assim que puder ecreverei sobre isso". Tolice. Embora os sentimentos se repitam em mim, eles se apresentam de forma perfeita apenas uma ou duas vezes. E la se foi. A maneira mais linda de descrever algo que você não iria entender de qualquer forma.

Minha barriga dói.
Como será perder a memória?
Será a representação mais honesta de liberdade?

24 de outubro de 2008

Ela não entra na minha banheira nem com roupa de neoprene.


Lisbôa, respondendo ao comentário incomentável de uma amiga numa tarde de calor.

16 de outubro de 2008


não consegui ir embora ainda.
e assim vou perdendo o crédito de ser necessária, de fazer falta.
alguém me diz: 

"tu te obriga a coisas absurdas.
mas não te obriga a ir embora de vez.
e quando conseguir o que tanto quer, tu vai ter vegonha.
de ti.
escuta o que te digo."

vou pra água. do jeito que dá.
5 minutos submersa 
pronto
e a sopa, era laranja, tá ficando roxa. Oxidação?
ela não deveria ser antioxidante?
ontem à noite sorri muito atravessando a rua. Me perguntei: tá sorrindo exatamente por quê, bobalhona?
eu sei, mas não te conto. Mas algumas pequenas coisas, que você nem imagina, conseguem me deixar feliz. 
Apesar de... eu consigo.
meu buraco é mais embaixo, não trabalho com superfície. 
Onde você vê uma pessoa eu vejo um motivo.
tem algo maior por trás. não se consegue ir contra isso.
it just is.
mas às vezes, é só uma noite quente, um bom papo, dar risada, e ninguém precisa saber o porquê... 
e de novo... it just is.



13 de outubro de 2008

Há partes de mim pulverizadas por ai.

Sempre falta um pedaço.
Vou insistindo em juntá-los, buscando maneiras de estar inteira.
E um dia olhar pro lado e ver meu limite, ou o limite das minhas querências.
E não querer nada além da cerca que me conforta.
E não esperar ninguém chegar nem ninguém descobrir.
E não desejar os peludos, porque eles vão estar ali.
E quem sabe vou, então, caber em mim e no espaço que ocupo,
sem parecer que tem uma parte que não está aqui.
Se já vivo com meio coração, que este bata a contento, e saiba de si.
E que chore em dobro e ame em dobro, pra compensar a metade perdida.

9 de outubro de 2008

Eventualmente, quando penso em ser alguém significativo à humanidade, ou pelo menos a uma parte dela, planejo uma exposição sobre mim planejada por alguém que não eu.

Dentre as várias seções - sim serão várias -, sempre imagino uma com cartas trocadas - o tempo passa e terão de ser incluídos alguns e-mails também, não fiquei imune.
Não que eu ache que minha vida seja das mais polêmicas, mas pelo orgulho de travar conversas escritas com os que me conhecem bem que quase parecem poemas ritmados ao violão.
Quisera eu reproduzir algumas, acredito que pelo menos boas risadas provocariam, meus interlocutores - ou interescritores - são dos mais espirituosos, e eu... vou seguindo fazendo rir ou chorar os que escolheram de livre e espontânea vontade partilhar a vida comigo.
Amigos, ex-amores-amigos-maisamores, alguns de tanta fé que na distância de dias sem fim, aparecem com duas ou três frases do nada, mas que representam um mundo.
"...tu segue comigo a cada momento, a cada passo... sempre espero a hora de dividir as coisas contigo novamente... inumeras vezes vivo as coisas como uma retardada ao lado de uma amiguinha invisível... dou risada de coisas e escuto a tua risada ao meu lado... como se estivesse presente... pode parecer estranho... devido a ausencia e a distancia... mas ainda é contigo e somente contigo que divido a minha mais interna emoção...me sinto com 16 anos... velha garota ainda de guids all star e tudo o mais... nao tenho mudado muito nada para te esperar."

ou
um abraço sem fim e a amiga diz, "acho que vou levar tua cabeça comigo...".. 
"e sim, nem bom nem mal não é ruim. lembra que quem quer montanha russa o tempo todo acaba vomitando no pé.
ditado que acabei de criar mas achei bom.
sim, devias ter deixado a tua cabeça comigo.
ela me seria útil em casa.
podia deixar em cima da tv e ir conversando enquanto tentava em vão achar um local ideal para os móveis"


Talvez eu me dê mais importância do que realmente tenha, porque na verdade mesmo, eu sou brega no úrtimo, invejosa, grosseira e desintelectualizada. Uma farsa quase bem dirigida. Leio somente orelhas de livros e disserto sobre a vida e obra dos autores, manejo bem um teclado e decorei dicionários. Leio bulas de remédio pra ter mais soluções em eventos casuais. Destruo códigos internos para privilegiar amores burros e saio correndo, a galope (como diz Crislis), toda vez que apesar de eu ser quem sou alguém não arreda o pé do meu lado. 
Duvido de quem me ama.
E acredito em pessoas que eu inventei.
Corro a buscar uma caixa vazia.
Destravo cadiados que não fecham porta nenhuma.
E não sigo evidências.
Desacredito de probabilidades.
Escrevo descombinando palavras, porque no fundo a confusão me completa.
Mas gosto de quem me esmiuça, de quem descobre o que tem por trás dos meus sorrisos tão sinceros. 
Gosto de quem não tem medo. 
E morro de medo de deixar de sentir, qualquer coisa.
Normalmente, ofereço bóias para quem atravessa meu clown. 
Porque é fundo aqui dentro... 
ah, e há ondas.

7 de outubro de 2008

Dois bons momentos de Fragmentos do Evangelho Apócrifo, de Jorge Luis Borges:


27. Não falo de vinganças nem de perdões; o esquecimento é a única vingança e o único perdão.

33. Dá o santo aos cães, atira tuas pérolas aos porcos; o que importa é dar.

6 de outubro de 2008

A pequena suculenta murchou.

Olho as pétalas enrugadinhas, quase ressentidas pelo esquecimento.
Com a mão cheia de água, hidrato gota a gota a plantinha que me olha todo dia.
A absorção não é automática mas amanhã vai estar verde e gordinha, suculenta novamente.
Como ela, me sinto murchinha... E embora eu encha as mãos de boas coisas, não me hidratam.
Talvez quando a gente esteja murchinho, sem muito o que dar, precisando tanto receber, seja um momento de sentar no cantinho da sala, agachadinho, e ficar ali. 
Durmo com a bochecha na parede, sonho com pessoas que não fazem o menor sentido. Sinto uma constante falta de uma vida que não existe mais, me deixo magoar por imagens publicadas, e lamento, profundamente, a decepção homeopática. Ainda seguro com as duas mãos o peito, pra não deixar que se vá, e fico puta da vida ao sentir que fico fraca a cada destempero. As mãos já seguram com menos força, mas ainda seguram. 
Auto-açoite e não vou a nocaute... E quase me detesto por querer ser tão resistente.

2 de outubro de 2008

Você já se deu conta de quantas vidas cabem na sua vida?

Às vezes, lembro de todas as pessoas com as quais convivi e todos os mundos que conheci.
E são muitos, e tão distintos que é difícil até acreditar que couberam nos meus até agora 31 anos.
Bem sei que dependem dessas vidas dentro da vida as nuances de quem sou.
Você pode se perguntar: Sim, mas o que isso tem de importante?
Tem muito. Aliás, acho que é de fato O que importa mesmo.
Quando você acha que não se enquadra em algo que vive hoje, lembre das tantas referências que adquiriu.
Hoje você pode estar tomando café em um Starbucks com suas poltronas marrom-escuro e pessoas hype que discutem seu comportamento amoroso. Mas você lembra de quando tinha 6 anos de idade e tomava café com pão quentinho, recém-comprado na padaria, sentado na poltrona até esfarrapada da casa de madeira simples onde morava a senhora que trabalhava na casa dos seus avós?
Aquela sensação também faz parte de você, e arrisco dizer que ela talvez explique mais sobre você.
Lá pelos 10 anos, minha vida era praia. Eu respirava praia, suportava o ano inteiro de aulas para estar na praia, passava 3 meses perdida entre o mar e as fugidas de bicicleta que duravam até anoitecer. Eu ia dormir sonhando com TUDO o que eu queria ser e fazer. E acordava ouvindo as ondas batendo quase no muro de casa. E pasmem, naquela época, o sol, o barulho de gente feliz, cantando, o céu azulzinho, me faziam pular da cama.
Meus 10 anos também guardam tristezas. Apesar de viver cercada de amigos, meu mundo interno sempre foi mais interessante pra mim. Não sei precisar quando foi que minha vidinha paralela começou a não ser atualizada diariamente. Portanto, não sei precisar quando foi que cresci. O fato é que isso aconteceu, bem bem depois dos 10 anos, posso garantir.
Lá pelos 15/16, um ensaio para a vida de adulto. Eu ainda acreditava que podia ser qualquer coisa, e seria. Descobri qual mundo me fazia feliz. E também minha capacidade de não me permitir o ser. Mas isso é outro post. 

O que interessa é que hoje você pode estar vivendo coisas que até enxerga como definitivas ou determinantes, mas pode, e deve, tentar lembrar de todos os momentos absolutamente diferentes de que você já fez parte. E a gente traz um pouquinho de cada um conosco. E o melhor de tudo: a gente pode voltar a essas vidas, nem que seja para se resgatar quando algo ou alguém nos faz esquecer quem somos.
É muito provável que isso não o impeça de sofrer, de se decepcionar ou lamentar a não presença de alguém na sua vida. Mas não tenho dúvida de que isso fará com que você reconheça de imediato quando algo ou alguém te transmite felicidade. Basta este algo ou alguém te lembrar aquela sensação que você tinha quando sonhava ou quando vivia, sem se preocupar com amanhã, porque amanhã podia tudo.

Ah, e se você reencontrar essa sensação, faça de tudo para tê-la. Apenas não se perca...
E antes que você pergunte, não, eu ainda não...



Torturo diariamente os que me amam.

Querendo mais, querendo além, querendo diferente, não querendo.
Torturo, de maneira tal que me desculpo ininterruptamente.
Torturo a mim, porque privo quem muito merece do melhor de mim.
E é sem querer, juro. Sem querer. 
Em breves momentos de paz, estabeleço a real dimensão de tudo. Para então ver  a onda de distorção voltar. E dói, dói mesmo sabendo a verdade.
Perceber-se suscetível a sentimentos e sensações não controláveis, e estar ciente disso, pode ser a mais reveladora e mais dolorida experiência evolutiva.

desculpe ser tão fraca e tão forte.
assim como vocês, espero ansiosamente por sentir a mim novamente.
e eu queria apenas silenciar...

25 de setembro de 2008


Virei mulher filé. 

O garçom da churras de quinta me enfia a faca. 
a amiga: sangue, sangue, sangue. 
Da picanha? 
Não, teu dedo...
uh

Sometimes, Marta catches herself reading hard words said her, she asks why, like it was a kind of way to hurt her a little more. As if she needed to convince herself that somebody hurt her. It's not enough to feel it. 

She was laughing... and she cried. 
Perhaps either this that she represents: somebody who you can say anything without worrying, because she'll be there, even if it hurts. And she perceives this only allows her to become a person who can be hurt all the time, without cost.
Marta asks herself why she forgets things that hurt her when it is said by people she love so much?
Than she reads, and reads, and reads. And remember of words sound listened. And tries to care less about, but she just... can't.
Is it because at some moment in the last 5 years she became a she-ass? Or simply she lost herself?
The fact is that she's here, rereading, and no matter how hard dissimulate not... it was said.
Lesson 200 - We teach people to love us, and we teach them don't, also.

23 de setembro de 2008

Esse blogrem é muiiito bom. Anúncios incríveis que mesmo quando são tosquinhos me fazem questionar se a gente precisa querer ser tão cheio de elementos.


http://fotolog.terra.com.br/reclames_antigos:350

How can a thing make us well, exactly and even when it makes badly?

17 de setembro de 2008

De repente, você percebe que sua tristeza não significa nada.

Percebe que do mesmo jeito que algo te entristece, tem que desentristecer porque nada nem ninguém vai mudar pelo fato de você estar assim. Saca, bro?
Acordar triste uma manhã, ou muitas, por sentir saudade de alguém não trará alguém nenhum que não sinta falta de estar ali.
Você abre o olho, ativa o cerebrinho, que ativa a memória, que te faz lembrar, e que automaticamente aperta o peito e acessa glândulas lacrimais, confirmando o fato de que não há líquido disponível para ser liberado. Em outras palavras: chore no seco mesmo.
Eu penso sempre que alguns sentimentos deveriam estar conectados entre as pessoas. Assim, quando penso em você, você deveria instantaneamente pensar em mim. Já imaginou quanto tempo e pranto economizaríamos?
Se a minha saudade é legítima, deveria a pessoa da qual sinto sentir a mesma coisa.

Tudo bem que em alguns casos minha teoria cai por terra sem dó nem piedade. Mas tá, não sugiro algo rígido. É bom sermos supreendidos quando alguém sente nossa falta sem que nós tenhamos sentido. 
Mas o que não podia acontecer é você significar pra alguém muiiiito mais do que esse alguém significa pra você, saca bro?
Desde sempre tenho uma idéia de que quando uma pessoa é muito muitíssimo importante pra gente, chega um determinado momento em que se deve manter essa sensação guardada e cuidada por Deus dentro da alma. É quase física, eu acho. Imagine uma escala, de 1 a 100. Com espaços de 20 pintados de cores diferentes. De 1 a 20, amarelo (o sentimento é normal, cotidiano). De 21 a 40, laranja (você tem um apreço especial). De 41 a 60, verde (aqui você expressa seu carinho). De 61 a 80, hum, ainda não defini bem a cor desta etapa, podemos usar um roxinho, quem sabe (essa pessoa já faz bastante diferença na sua vida). De 81 a 100, vermelho (sim, a ausência da pessoa nas coisas boas ou não da sua vida muda seu dia, seu humor, você reafirma constantemente seu amor, e você espera reciprocidade). 
O ponto determinante vem agora. Alguns sentimentos ultrapassam a escala Elepeana de importância pessoal. E quando isso acontece, é como ponto de ebulição de água, como desintegração de matéria, como ápice de endorfina, como nirvana.
Você precisa do etéreo para guardar seu sentimento, você sabe que é praticamente inatingível, porque nos estágios anteriores já passou por todas as provas. E você precisa apenas guardá-lo no melhor lugar de você, parar de declarar, explicar, questionar e apenas recorrer a ele quando precisar se sentir bem sabendo que há alguém que faz parte de você. Essa cor ainda não tem nome, mas neste momento, seu sentimento, retribuído ou não, serve para salvoguardar sua saúde emocional.
É bom saber que se pode sentir coisas boas. É triste querer viver algumas e não poder. Mas nada me tira a convicção de que bons sentimentos nos confortam nesta e em outras possíveis vidas. Passar por aqui sozinho é possível, mas acompanhado nos coloca em um pequeno degrau acima, que faz toda a diferença.
Eu não sei porque resolvi escrever sobre isso, apenas comecei. Talvez tenha a ver com  a consciência de que alguns sentimentos não precisam sequer ser decodificados em palavras. Basta sentir. E, se for possível perceber que se sente em conjunto, mesmo em silêncio, agradeça ao universo, você talvez esteja experimentando uma das melhores sensações do mundo.

•inspirado no melhor amigo - instigado por amor (sen)(tido)? - motivado pelo coração despido

16 de setembro de 2008

Aquela gente encantada que chegava e seguia

Era disso que eu tinha medo
Do que não ficava pra sempre

15 de setembro de 2008

Por vezes queria sair de dentro de mim.

Por certo você já sentiu isso também.
Sair mesmo, olhar de fora. Sentir de fora.
Me libertar dos péssimos hábitos que não consigo deixar de praticar, físicos e emocionais. 
Você deve estar pensando: ué, basta mudar o que não gosta.
Aí é que está. Há coisas que são intrínsecas. Não basta simplesmente decidir mudar. Fazem parte de você. 
Para tanto, sair de sí, pelo menos por algumas horas, ajudaria e muito.
Continuo fazendo coisas que não quero. 
E sabe? Não sei ser diferente disso. Não sei se dói mais me agredir ou me sentir agredindo.
E muito provavelmente, esta noite eu vá dormir mais uma vez pedindo para conseguir ser forte.
Ser forte, contra mim mesma, só isso.
E não, eu não sei a resposta pra essa pergunta. Eu não sei o que me impede. E não pense que não procuro saber... procuro dioturnamente. 
Me vasculho e me venço pelo cansaço.
Não foi hoje, quem sabe amanhã...

11 de setembro de 2008

 Apenas a imagem personifica a existência de algo que é melhor fingirmos não existir? 

8 de setembro de 2008

Tenho apoiado alguns momentos de paz em determinados cheiros. Coisas bobas, dia desses percebi um diferente no ar. Em princípio, não podia dizer que era um cheiro ótimo, pelo contrário, um perfume daqueles que "fica", sabe? Quase algo parecido com gente que pega ônibus de banho tomado... Sei lá, sabonete de quinta. O fato é: por algum motivo, sentir esse cheiro me fazia ficar mais calma. Nesses dias de uma angústia retumbante, sentir-se calma por dois segundos vale um bilhete de loteria.

Parei pra pensar a respeito. No dia seguinte, ao sentir o tal perfume já me veio algo de uma tranquilidade infantil. Percebi que era o menino que senta do meu lado que trocou de perfume, sei lá, mas de uma semana pra cá está usando este cheiro diariamente.
O engraçado é que agora, todo dia, fico esperando sentir o perfume pra me lembrar de algumas coisas boas. 
E penso: como pode um simples cheiro reprogramar sensações?
Há cheiros que me lembram pessoas, alguns entristecem, pois lembram o que não se tem mais. Outros lembram momentos, bons de relembrar. Outros ainda, lembram de quem você é. Sim, te fazem lembrar características, gostos, sentimentos que você tem e que talvez estivessem meio esquecidos.
Nosso nariz faz parte das nossas emoções, e é meio mágico o fato de ele poder ser despertado nos lugares e momentos mais inesperados. 
Quando sentir algo que te faça sentir bem, não perca a oportunidade de se deixar levar praquele sentimento. A gente sabe que passa, mas algumas lembranças são impagáveis.

4 de setembro de 2008

Penso no processo de cicatrização. 

Aquela coisa toda de funcionar de dentro pra fora. Tal qual um corte de larga escala, profundo. Que às vezes precisa de um dreno pra ajudar. Pois, se fecha por fora antes de cicatrizar por dentro, o efeito exponencial prevalece. Sabe? Vai acumulando, e quanto mais tem e não sai, mais produz. Pensava nisso, ouvindo a saga de um amigo que passou por um procedimento cirúrgico recentemente. Ele contando da via crucis pra fechar o tal cortinho, de onde saiu uma bola de ping-pong. Sobrou um espaço vazio, que ainda não "realizou" o fato de que a bolinha saiu. Fica lá, produzindo secreção, na tentativa de preencher o espaço. A pele (mais superficial) até ameaça fechar-se, o que só piora. E por dentro, um vazio inconformado. Ele se abriu de novo, mais um dreno, e agora, a expectativa de vencer o buraco pelo cansaço. Uma hora cansa e se conforma, a bolinha não vai voltar e não há o que preencha o vazio.
Nosso "corpo" emocional deve funcionar do mesmo jeito. Não adianta tentar o processo de cicatrização de fora pra dentro. Penso eu que até ajuda, um estímulo, vá lá. Mas sometimes, é melhor assumir o corte, por mais profundo que seja, que fique exposto. O dreno é o entendimento. Cada vez que entendemos um pouco o que acontece, jogamos pra fora a produção excessiva de sentimento (que aqui pode ser representado por amor, mágoa, incompreensão, tristeza, etc.). Vamos entendendo alguns porquês (drenando) e calmamente, embora doloridamente, curando o machucado.
Isso nada tem a ver com esquecer, ou passar por cima de coisas que nos machucaram, mas tem a ver com conviver com aquilo (o buraco). Tem a ver com aceitar. Tem a ver com compreender.
É a chamada tentativa. De ir adiante, de não esquecer e sim considerar que fez parte de nós. A bolinha teve um porque de estar lá. E como dizia uma amiga muito importante: Só não acostume com a dor. Só não acostume com a dor.
Mas sabe, o segredo de não acostumar com a dor, é entendê-la.
A cicatriz se encarrega de te lembrar que você viveu. E dolorida ou não, faz a diferença no que você vai ser amanhã.

3 de setembro de 2008

O site da amiga expõe uma tal discussão (uma moderna qualquer reclamou dos assuntos recorrentes, que ela mesma classificou, talvez por falta de vocabulário, como "mesmice". Bombou, e é aí que fica bom. vendo o povo se mexer pra opinar... É a semente do destacar-se...

Eu? ihhhhh (como diria Haydee, que faz um Curry dos deuses)... vi o circo pegando fogo e pus minha palhinha... Ihhhhhhhhh

E viva a polêmica, de que são feitas as pessoas que fazem alguma diferença. Beuli, beuli. Narrar a vida, com suas "maldezas" e "beldades", por fim acaba incorrendo no MESMO. Vivemos a repetição né, a diferença real está em reconhecer a diferente emoção que cada repetição nos propõe. é o que diferencia aquele que aproveita a vida, e aquele que só passa por ela. Ainda bem que repetes todos os dias nossa amizade... saca?

1 de setembro de 2008

o que é definitivo?

As pessoas morrem,

às vezes ou quase sempre.

Eu tenho medo
de ir sem que você saiba
ou ficar sem ter sabido.

Ningúem me viu chorar.

Cada vez que alguém se vai,
penso na palavras.
Nas não ditas
e nas ditas não-ouvidas.

Quando alguém se vai, se vai.
Não há o que se diga que a faça voltar.
Aí, não há arrependimento ou vontade
que não dita seja verdade.

Quando eu me for
porque, sim, também um dia vou,
por certo, vou te levar na alma.

Pois, se passaste a vida comigo,
dito ou não dito,
fostes amor.

*se aceitas um conselho,
amanhã pode ser tarde
apenas diga
sempre.
ƒaz bem não deixar passar
aos 30, aos 50, aos 80
tanto faz.
Não deixe que ninguém se vá
sem saber
são poucas as vezes
que o tempo vai parar pra você.

As pessoas morrem,
às vezes ou quase sempre
por motivo ou acidente
a avó, a mãe, a irmã... o amor
não espere querer ter falado
porque...

choro são palavras condensadas
... e uma pitada de sal.

27 de agosto de 2008

_ Não sofre.

_ Mãe, acho que já sofri. Desta vez é tão triste que tô oca.
_ Oca? (silêncio) Puta merda, minha filha.
.

Acho que naquele silêncio, ela deve ter se reconhecido em algum momento da vida. E quase pude sentir o seu pesar. E percebi o quão forte era o que eu estava dizendo. Mas era a verdade.

26 de agosto de 2008

Ia descendo a rua, pensando no som do nada. Ia respirando o vento da noite, como se eu tivesse sido privada dela por anos. Ele passa por mim, cabelos compridos, lisos, camiseta vermelha desbotada, calça de moleton azul-marinho e chinelo de dedo. E barba, sim.

Olhei por dois segundos. Passou. E segui a descida certa daquilo: Jesus passou por mim!
nem me pediu esmola, como acredita o melhor amigo, nem deu uma gargalhada na minha cara, como insiste em afirmar a amiga.
Apenas passou, como quem diz: só pra tu saber, ando por aí.

Depois que Juliana viu o Bin Laden dirigindo um Fiat 147 na radial, por que exatamente eu duvidaria do que vi?

E se o Filho do pândego resolveu cruzar o meu caminho, naquele dia principalmente, deve ter sido apenas para me fazer ter a sensação de que Vai ficar tudo bem. Não fosse isso, ele teria me pedido a tal esmola, pra me testar.

Será Je? Bem sabes tu que nunca te dei muito crédito. Não que não mereças, te conheço tão pouco, não posso te julgar, mas a verdade é que sempre preferi ir direto a quem manda. 

Enfim, sendo ou não sendo tu naquele dia, me fez pensar.

Hoje, indo pro consultório onde receberia a sentença anual, vi aquela senhora que mora no ponto de ônibus da Caio Prado. E entre todos os pensamentos que me tomam sempre que deparo com algo assim, me foi mais forte questionar todo amor que se dá e que não é recebido, e que fica alí, sem função, por simples desistência. 

Ando vazia de tudo. E é justamente esse vazio que me preenche. 
a 'águamá" ainda tá aqui, e acho que vai lavar o que tenho por dentro.
E por mais "águamá" que tenha, sinto... e muito.

25 de agosto de 2008

Mágoa deveria vir de Mágua = água má. 



Se o caminho de volta para a sanidade passa pela loucura, ela treina para se salvar. Porque, enfim, quer.

Marta reza ininterruptamente, de 15 em 15 minutos, há 69 horas.
Não uma reza para uma entidade específica. Mas um afirmar repetido para não perder o controle.
Quase um ritual, ou um Transtorno Obsessivo Compulsivo (como diriam lá pros lados da "Saúde"): pensa em pensar (ou algo a lembra), o estômago ameaça doer, a luz vermelha acende, relembra o porquê, repete, repete, repete, às vezes com as exatas palavras; neste instante consegue reduzir o coração para 70/80. 
Engole a saliva e, apesar de ser triste, respira leve. E consegue se reconhecer lá dentro.
Até daqui 15 minutos, ou em edição extraodinária que a desacalme.
Talvez não esqueça, mas vai acreditar que esqueceu.
E vai ser assim, até que deixe de ser.


... E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia."

C.L.

Sorte de hoje: Você viajará para muito longe


* deus te leia, deus te leia

tudo devia ser mais divertido, né?






23 de agosto de 2008

Esta noite vou rezar, pra qualquer coisa, pra qualquer pessoa, pra qualquer deus. Pra que eu possa dormir e esquecer que acreditei.

21 de agosto de 2008

A palavra da vez é Oscilar.

Tal qual pêndulo, de lado a outro, ou o coração a pulsar. TUMTUM, tumtum, TUMTUM, tumtum.
TUMTUM - estou aqui; certa paz
tumtum - não estou aqui; dor no estômago
Particularmanete, me agrada o TUMTUM. O outro me dá medo. Porque quando bate o "não estou aqui" parece que podem fazer de mim o que bem querem.
Indefesa. Fico a mercê das minhas dores que eu mesma causei. Que eu mesma deixo ou não me atingirem.
Estou há dias redigindo a carta de demissão de tais dores. Nela, considerei justa causa. Antes fosse abandono de emprego, mas ainda assim as demitirei.
Paralelo, estou no último "parágrafo único" que me reserva o direito de não querer que o tumtum mande em mim.
E o pêndulo vai...
E o pêndulo vem...
Como na brincadeira de Passa Anel, estico as mãos e rezo em voz alta para que nesta passada, venham as minhas vontades e decisões. Pro meio das mãos. 
Dá-me que o filho é meu.
Ogunhê meu pai, luz! [como me ensinou Patsy Cecato, pro caso de chutar macumba]


20 de agosto de 2008

Primeira aula de francês. Não sabia que eu ia fazer francês? Tudo bem, eu mesma fiquei sabendo meia hora antes. 

45 minutos de não pensar em nada além de ès e és... Foi bom.

19 de agosto de 2008

cumpro tarefas em minutos, passo mal, penso em ir ao ambulatório e adio, porque penso, se eu for, quem me levará pra casa?

Preciso deitar no chão do banheiro. 
Quando eu morrer, promete que (não) chora?

Sorte de hoje: 
Você escapará por um triz de um problema sério.

*que novidade! orkut dando uma de mãe dinah.

18 de agosto de 2008


Uma ligação às 4h da tarde. a voz conforto do outro lado proclama: na segunda noite de setembro, dormirás na porta do Pacaembú. 


15 anos depois, nem ouso dizer não.



*a foto é vélea, porque sou vélea.

Ela não quis contar dos seus planos. Pro caso de darem errado.

Manteve silêncio e foi levando até a hora em que pudesse dizer: olhe o que fiz!
44min e 58seg do segundo tempo. Ela ia gritar: Olh... O juiz apita.
Ajoelha na grama. Essa chuva veio de onde? Do balde de água fria que Deus jogou. 

Leva contigo minha parte melhor.

Guarda, se não for usar. Mas leva.
Leva pra um dia de frio, uma noite de Lua quente, uma saudade qualquer.
Leva tentando não deixar cair. Mas se cair, diz a etiqueta:
Já é parte. E partes não se partem.
Dizem que um pedaço é sempre mais forte que o todo.
É física, área, força, resistência. Coisas assim.
Leva. E se puder, leva pra longe de mim.
Que a minha parte melhor fique longe. Assim posso esquecer que ela existe.
Leva ao menos isso de mim.
É o que tenho pra dar.
O melhor de mim.
Queira levar.

13-08-08 "que amor é esse que desordena. que entrega e recusa. que mata de querência e traduz o mundo em um sem palavras infinito. que trança as pernas e acorda engasgado. que diz as verdades que mentimos a nós mesmos. que arranca la do fundo a vontade do sempre, do sempre estar, do sempre querer, do sempre esperar, do sempre amar. e que entorpece fazendo parecer nunca acabar. que faz negar convicções e ter medo, e ter medo, e ter medo, de perder, de não ter?

que amor? pergunte-se. mas prefira não sabê-lo. não senti-lo, não precisá-lo. a menos que ele venha, cedo, tarde, um dia, caminhar ao seu lado. pra frente, pra frente. e mesmo que um minuto, pra sempre. 
Prefira os pra sempres de um minuto aos nuncas eternos."

*134 - rua D - Cemitério da Consolação

16 de agosto de 2008

13 de agosto de 2008

Forçar-se ao esvaziamento é encher-se de tentativas em vão. Mesmo que o vão seja um vazio. 

Deito, levanto. 

vazio.
deito, levanto.
vazio.
deito levanto.
encho com água.
deito, levanto.
esvazio.
e o esvazio
não é ex-vazio.
por quê?
porque tá cheio.
de vazios.
e vazio ocupa uma espaço danado.
o vazio é uma bolha que mora entre o estômago e a garganta.
é a presença da ausência presente.
Se a previsão do tempo erra,
o imprevisto é certeiro?

7 de agosto de 2008

A escuridão la fora e a chuva fria desmentem o relógio, que insiste em me dizer 16h30.

Sempre sinto dias de chuva como veículos de comunicação sem palavras. Sentei aqui pra contar coisas que você já deve saber, mas nunca parei pra dizer. Estou atrasada em alguns anos, mas talvez somente agora eu tenha dados concretos.
Um menino lindo chegou logo depois que você me disse tchau naquela rua vazia, naquela noite. E queira ou não, ele evitou alguns prantos dela. 
Uma tempestade de silêncios doloridos que duram até hoje, em alguns momentos. 
Teve de tudo, desde a incompreensão até o autoconhecimento. O mundo se inverteu e assisti a dura passagem da adolescência de mamãe. 
Enquanto eu rezava, compreendia porque tudo tinha de ser assim.
O menino meigo e cheio de um amor que não sabia de onde vinha trouxe a sobrevida excepcional àquela pessoinha que achávamos estar de vez sozinha naquele mundo onde só você entrava. 
Eu chamei isso de equilíbrio.
B se movia com o vento. Enquanto Ly(i)dias trilhavam seus caminhos. Um lindo balé em retrospectiva hoje.
Cada passo meu para fora, um dela do mesmo tamanho para dentro.
Alguns vários acontecimentos dediquei a ti. Outros, agradeci por não estares vendo. (sim, deixa-me me enganar)
Entre feridos e feridos, todos vivos. Cumprindo as lições de casa.
Cortei aquele fio com dor e prazer em iguais dimensões. Mas fiz questão de manter a dor a e alegria desaber quem sou, de onde vim.
Cara, acho que tu ia gostar de me ver hoje. Não fiz nada muito incrível ainda, mas consigo ver um balançar de cabeça teu com um sim e um não cada vez que algo de fato acontece.
E o presente que tu me destes tá aqui, no lugar que ninguém mexe.
Hoje, olhando a chuva cair, olhei pro céu e pensei: tá vendo?? Tô aqui, tentando fazer tudo quase direitinho. Acho que tô conseguindo, e melhor, sozinha. Sozinha de verdade, não fosse pela certeza de que vez que outra te sinto me espiando.
Não consegui desenvolver habilidade para negócios, como deves ter percebido nos últimos meses. Mas consertei tudo sem pedir socorro. Dei uma choradinha escondida, adimito, mas tá valendo né?
Aprendi a comer direito, mas de birra mantenho habitos felizes que me lembram você. O shape nnao nega a raça, e honestamente, não morro mais por isso.
Tento guiar B, e embora não o faça como tu, tenho me saído razoavelmente bem.
Estou longe de L, mas é incrível como penso nela todos os meus dias. E me mantenho ligada naquela tênue linha de consciência que acho que só ela entende. Ela, por sua vez, volta de vez em quando do mundo encantado, mas somente quando pessoas muito específicas solicitam. Não deixe de estar aí quando ela decidir não voltar mais, tá.
Ando pecando pela distância e ausência. Mas não consegui uma forma mais eficaz de cumpri algumas tarefas para crescer. Sei que você me entende.
Apesar de sempre parecer existir um flutuar da gente por aqui, todos estão dormindo e acordando bem, conforme o destinado. 
Tua falta se faz presente, mas nada parou como tínhamos medo, eu e tu, que acontecesse.
Eu confesso que sinto saudade de não precisar entender o mundo, mas tenho gostado de estar atenta a ele.
As contas estão todas pagas.
Nunca mais fiz salada de feijão à noite.
Comprei meu primeiro carro sozinha e não me deram nenhum brinde, desculpa.
Assisto TV com o controle-remoto em cima da barriga pra me lembrar de ti.
Monto a paciência com o baralho vermelho, mas nunca completo o jogo.
Agora gosto de sementes de girassol.
Guardo tuas moedas da sorte num lugar secreto.
Dou bronca em b e chamo L de Gigio pra elas não esquecerem.
Vibro quando vejo um 23 no final de um bilhete de loteria.
Espero o dia em que usarei tua bengala pra andar pelo sol.
Caio e levanto todos os dias.
E sorrio pra todas as pessoas, como sempre te vi fazer amigos.
Como podes ver, acho que tá tudo certo... Fizeste um bom trabalho.
Até o próximo relatório, Vô. 
beijos,
Coraçon

6 de agosto de 2008

Rogério precisa assistir à sua vida de fora para tomar decisões. Assim como faz a lista do supermercado, abrindo a porta da geladeira e observando o universo gélido. Descobre os buracos vazios e pensa com o que preenchê-los. Entre o pote de margarina e o litro de leite caberia perfeitamente um pedaço de queijo. Anota.

Todo dia, no trajeto de casa para o trabalho, sentado no ônibus, repassa o que está bem e o que não está em sua vida. Está fora de casa e, como com a geladeira, consegue ver os buracos vazios e os espaços demasiadamente preenchidos. Reorganiza seus sorrisos e suas dores. E percebe sutilmente a presença de um vidro de geléia de morango no lugar do coração. Corre para casa ao final do dia, e está lá, exposto na segunda prateleira. Pelo menos este não está faltando.                                                                        


5 de agosto de 2008

Sorte de hoje: Se seus desejos não forem extravagantes, eles serão realizados.

Extravagante? Eu? Mesmo?

Às vezes, palavras não deveriam ter extremos significados.

Embora se ouça pela vida afora que as danadas têm peso.
Declaro minhas palavras em dieta por algum tempo.
E que elas desfilem como modelos anoréxicas pela passaarela pautada.
Apenas levando (falta de) beleza às platéias voyeurs de pensamentos alheios.
Alimento minhas palavras agora com alfaces ao sol.
E que elas desandem em belas e vazias imagens. 
Apenas encantando momentos de respiro mútuo.
Leve leves palavras minhas.
.
.

4 de agosto de 2008

e a voz, como um mantra, ressoa na cabeça:
Você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado...

-
e eu respondo em voz alta:
Eu sei, eu sei, eu sei, eu sei, eu sei, eu sei...

-
e o universo espera:
do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything... (sim o universo é bilíngue)

-
eu eu me digo:
do anything, do anithing, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything... (sim eu também sou bilíngue)

-
e o mantra bate o pezinho 3 vezes.

-
e compro um pacote de pipoca e me assisto no espelho

31 de julho de 2008

e bebo confetti no copinho como um líquido milagroso, bolinha por bolinha, delicadamente descascada entre os lábios, que vão avermelhando-se, como que recebessem uma mordida tua.

casquinha de cima retirada, o meio derrete no céu da boca.
God Only Knows, na voz de Julia Nunes, embala as cores se desfazendo na boca. e no fim, tudo fica branco e preto.
Porque o colorido é artificial. O preto-e-branco, doce.

quando ele chegar

vou pensar secretamente
quando ele chegar
vou lembrar
quando ele chegar
vou separar coldplay e voar alto
quando ele chegar
vou imaginar o lado direito sempre ocupado
quando ele chegar
vou escravizar algumas vozes em volume ensurdecedor
quando ele chegar
vou buscar a água
quando ele chegar
vou estar sozinha
quando ele chegar
vamos sair?

30 de julho de 2008

Presa do lado de fora. Olho para dentro e procuro a entrada por onde saí.

A alma de vidro permite ver o vazio desocupado à espera.
Quando foi que saí daqui?
Dança lenta. Esvaziamento. Ao mesmo tempo em que preencho espaços de ar com "se's".
Se fosse, se falasse, se desistisse, se terminasse, se ... simplesmente se entrasse e ficasse quieta.

Hoje, antes do bom dia, recebo um abraço da amiga-de-trabalho, que vem por trás dá-me um beijo na bochecha, abraça e diz: "Que bom que você não se matou ontem. Fiquei preocupada quando saiu daqui".
Sim, saí falando, mas apenas falando: "se não fosse doer, pediria para um ônibus me atropelar agora lá embaixo". 
Assusto pessoas comuns.

Quer saber? Yep, com o peito pela metade, respiro, sorrio, faço graça, finjo que tudo está bem. E me peço para tomar uma atitude, doa a quem doer. E no fundo, tenho uma certeza criminal, de que seja qual for a opção, o fim é recolher as culpas do chão, uma a uma, e tentar ignorar a dor que o vazio na boca do estômago faz sentir. É a metade do peito que falta.

29 de julho de 2008

Viver é verão

Até o que é doce, no calor, amarga
Como fugir disso?
Evitando o doce 
ou congelando a vida?

3 dias e meio de silêncio digital. 

Demorava já muito para algum tremor.
O estado estático de "ninguém entra ninguém sai" sofre abalo.
Era uma tentativa de manter o mundo interno (seu e dos outros) em suspenso até as coisas parecerem mais claras.
É como driblar meteoros. 
No meio do caminho da auto-traição, o pior momento é o farol piscando verde, amarelo e vermelho, simultaneamente.


25 de julho de 2008

Good Morning Vietna, em plena tarde, 4h44 pm.

Mesmo de olhos fechados na sala branca, digito rapidamente minhas incapacidades.
Tomada por uma sensação inesperada de paz há mais de 90 horas, que de tão esperada, dá até medo de focar, para não desaparecer, ou ser questionada até ser desmentida, ou ser perdida, ou explodir como uma bolha de sabão...
Sim, sei usar pontos finais em minhas declarações. Uso indiscriminadamente os (...) porque os acho generosos com quem me interpreta. E acho-os generosos com minhas declarações. Afinal, por que não? sempre tem de ser considerado.
Mas há coisas em que posso por o ponto ao final sem nenhuma dúvida. SIMMM, sou capaz disso, surpreendendo os que conhecem minhas indagações. 
Existe um ponto ao final da coisa mais clara. 
E é um lindo ponto de exclamação!

23 de julho de 2008

Prefere tropeçar nas pernas que nas palavras. Vem de longe sorrindo.

Pés na areia. Água vem, água vai, concentra-se no vazio que fica no estômago quando ouve uma palavra não esperada. 
Para muitos, é ouvir e deixar passar. Para ela, fica, cutuca, relembra de suas imperfeições.
E são tantas as inperfeições que se pergunta como usá-las da melhor forma.
Muito tempo dedicado a pessoas. Muitas tentativas de fazer o melhor irreconhecidas. Define o não adiantar das atitudes. Por mais que se confunda, ainda não entende como os outros podem seguir vivendo nas suas egoístas solidões.
Não à toa nasceu um tanto artista. Imperfeições compreendidas e transmutadas em expressão.
Todos ouvem. Interpretam. Até julgam. Mas, de forma ou outra, amam, admiram, reconhecem.
A incapacidade de dizer não ainda vai levá-la a lugares tão sombrios que jamais voltará a se enxergar. E talvez seja esse seu objetivo, consumir-se na própria sombra. Parar de pedir explicações. Desistir dos por quês, mesmo que lhe pareçam vitais.
Tomar seu sorriso como seu cumprimentar. E distribuir-lhes a quem deseje, sem hora marcada, mas sempre aberto e pronto a acolher.
E que fique desse jeito, sorrindo e fingindo não querer entender, até que um anjo desça e abra o livro da alma, com todos os rabiscos e as tentativas de reescrita inúteis. 
Porque algumas partes da vida só podem ser escritas a caneta. Mesmo que umas por cima das outras. No fim, no mínimo, as concretudes viraram arte abstrata.

O amigo me pede frases mais curtas.

Mas essas são curtas o tanto que meu pensamento a metro consegue produzir.
Eu peço horas mais longas à noite.
Mas as horas são longas tanto quanto conseguem me suportar dentro delas.

22 de julho de 2008

NÃO REUTILIZE ESTA EMBALAGEM VAZIA.



21 de julho de 2008

Quando se tem vontade de mandar o mundo pra puta que pariu se faz o quê?

Engole, porque ainda é possível que se ouça: onde fica isso?

Desiste filha, ele quase grita. 
E eu...
Não posso, pai. É contra todos os meus princípios desistir.

errastes Edna

Por que será que tenho sempre a impressão de estar na contramão, mesmo quando jurei ver alguém ao meu lado indo na mesma direção?

Fim de tarde frustrado em meio a um cala-boca educado. 

(suspiro e morro mais um pouquinho)

6h15 de uma manhã com sol frio.

A devassa avista faróis se aproximando. 
O carro pára e pelo vidro escuro, ela treme as pernas e sente o coração pular, 3 vezes, ao ver aquela imagem que deixa em paz seu desejo, seu peito e sua vida.
Entra, e olha profundamente os olhos atras do óculos. Chora por dentro, dá um abraço e, imediatamente fica muda. O silêncio é recíproco, apesar das tantas coisas pra dizer. Os olhos conversam sem parar, contando da saudade e da esperança. Despedem-se num piscar pausado. 
O Eu Te Amo entalado na garganta e o perfume que indica o amor da vida acompanham todo o resto do dia.

20h14 de um fim de dia quente.
Ela não vê os faróis chegando perto. Segundo o anjo que acompanhou o processo, eles estavam apagados. 


18 de julho de 2008

da série Poesia InContida (o pior veto é a auto-censura)

Apiede-se.

Apodere-se.
Apaixone-se.
Garanta um mínimo de reciprocidade em seu peito para não passar noites rezando.
Desparalize-se, mesmo que seus movimentos sejam politicamente incorretos.
Entre nós não tem como haver o politicamente incorreto, diz.
Na lacuna que se segue à afirmação, ouso preencher internamente os pontinhos... Por( )que acordos de amor não seguem regras? ou !
Não se ama em acordo, o silêncio responde.
Nem de acordo, não é?, rebato.
De acordo com o quê?
É, de acordo com o quê? E sopro a nuvem pra cima...
Acordo. 


Cranberries entoa War Child



17 de julho de 2008

E a saudade de só se preocupar com as coisas básicas da vida?

Faltou comprar o pão pro cachorro quente, molhei meu sapato na chuva, a pipoca pro filme de hoje à tarde vai ser de queijo ou tradicional?
Às vezes se pergunta se ainda lembra disso. 
Olha para o lado e vê mães conversando com seus filhos: falam da cor do vestido da boneca. Houve tempo em que planejar o dia no clube era o único compromisso. Nunca imaginou que mamãe pensava em tantas coisas ao mesmo tempo e ainda conseguia rir de bobeiras e fazer parecer que seu mundo todo estava ali também e apenas.
Hoje a vida parece sempre estar amarrada em uma situação mal resolvida. Sempre, mesmo de férias olhando pro mar. Mar. Lembra do mar? Lembro. Mas não me serve apenas lembrar do que me faz feliz. Sentir é a diferença. E no mar? Vai ser só o vai-e-vem do sol que te ocupará pensamentos? Não sei. 
Desconfio da minha capacidade de viver das grandes pequenas coisas da vida, apenas. Mesmo sendo apenas delas que precise.
Up guy, tem jeito de amanhã meu pão na chapa ser mais importante que meu coração?

Encontrei Marta atrás de uma árvore. Escondía-se de si mesma. Pensava ela que jamais se procuraria num lugar assim, justamente por ser um lugar ridículo para uma mulher do seu tamanho, com aquelas roupas e visivelmente emotiva ficar.

Chego próximo, sem esconder que a vejo. Paro, e olho seus pequenos olhos ainda pintados da noite anterior. Escorrem em gotas cadenciadas. Limito meus movimentos aos olhos atentos àquela cena.
Percebo o casaco pesado em pleno sol de uma manhã de verão em julho. Sente muito frio e fome quando sofre. E eu sinto por ela.

Em momentos assim, melhor encostar as costas nas cascas da árvore e adimitir prazeres diferentes de suas pretenções humanas.
No fundo, Marta tem tão pouco tempo que não consegue gastá-lo com o que realmente deveria.
Passa algumas horas por dia olhando para o relógio lamentando/lembrando/desejando/planejando/esperando, até que resolve seguir. Sacode a cabeça como um filhote que sujou as orelhas, certificando-se de que voltou à realidade, e começa a andar. Ouve Ave Maria.
Marta aquieta-se e agradece aos céus quando não precisa falar. Seu peito já grita suficientemente alto. 
Compra uma garrafa de vinho, cigarros, uma caixa de Bis, soda cáustica para limpar azulejos, um potinho de Mentos.
Destrava a porta, acende o cigarro, escreve o nome do destinatário da caixa de chocolates, segura firmemente a taça antes de limpar suas paredes do estômago.  Um gole só e um Mentos antes de dormir.




16 de julho de 2008

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. 
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. 
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. 
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.


Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! 
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. 

Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: 
- E daí? EU ADORO VOAR!


clarice lispector

15 de julho de 2008

Flip passa os dias nadando. E quando vem à superfície ver o sol, sonha um pouquinho.

Com sons de grilinhos, se declara.
flrflrflrflrflr. Balança a cabeça. bate a nadadeira na água, chamando...
Algumas vezes, surpreendo-o boiando de costas, como se esperasse alguém chegar.
E mergulha... fundo, mais fundo, mais no fundo. E volta, porque precisa sentir a lâmina de água quente do sol para sentir seu corpo lisinho vivo.
Flip pensa no sol até de noite. Até quando admira a lua.
Porque Flip sabe que só consegue ver a lua se o sol estiver brilhando.
Ele diz querer nadar sem destino, embora saiba a direção. 
Flip cochicha aos ouvidos de quem sabe escutá-lo.
Ouviu? Sentiu? 
É o sol, Flip sorri. 
É meu sol. 
É sol meu.
E todo dia, o sol vem procurando por Flip, desde o horizonte quando desperta.
Que graça tem ele aquecer a água se Flip não está nadando.
Ele brilha mais e mais forte, até a água esquentar. 
Bom dia, Flip.
Bom dia Sol.
Eles vivem um pro outro. Mesmo que as crianças na praia achem que o sol é pra elas e que as piruetas de Flip são seu maior talento.

Se o sol desistir de Flip e Flip desistir do sol, o sol desistiu do sol e Flip de Flip.

Agora é noite... 




10 de julho de 2008

Leio blogs desatualizados de amigos enquanto minha vida se atualiza de hora em hora (praticamente uma tele sena).
Pisco olhos e uma dúvida se sobrepõe a uma certeza, uma certeza empurra uma dúvida pra lá. E não posso simplesmente fechar a porta de mim mesma e ir embora. To aqui, como caramujo, que pra onde quer que vá, leva a casa nas costas.

Procuro Marta há dias. Ela não dá as caras. Deve estar escondida em algum buraco escuro, me olhando e rezando pra eu voltar logo.

Temo não conseguir, Marta. Ma estou tentando.

8 de julho de 2008

A amiga diz em seu diário:

O que te machuca não está nos outros.

e me volto imediatamente para dentro. Olho melhor, confirmo: desertei.

Buenos Aires amanhece enfeitada nesta terça de julho.
Há cachinhos disfarçados deslizando pelas ruas.

7 de julho de 2008

Naquela noite de garganta engasgada, ela abre a mala, senta no chão e fica por horas olhando o coração.
Suspiros engolidos marcam a dor da perda. Perda de si mesma.
Havia uma esperança de sair inteira, mas percebe, ao ouvir as batidas espaçadas, que seu melhor pedaço estava sendo deixado. Era necessário. Não havia escolha, embora parecesse uma.
Era tarde. Sentia mais uma vez ser invisível, ser qualquer coisa.
Engole um seco dos que atentam sobre si próprios, e sabe que é o que deve ser feito, mesmo que quisesse com todas as forças o contrário.
Sem ajuda, sem amparo, sem cumplicidade, veta, em nome do amor próprio, às custas da morte do coraçào.
O desamor vem em tom de proposta. Que claramente declara.
Neste instante, prefere o silêncio da dor...
Cala. Chora. Espera.
Eu estou aqui, pensa, e ninguém viu, mais uma vez.
Meu silêncio é dor, nada além.
E pede: apenas me permita silenciar.
Apenas.
Um pedido.
Fecha a mala, deixa ele lá.

3 de julho de 2008

Solange, a Gaga de Ilhéus

Nada nesse mundo paga 3m47seg de gargalhadas

1 de julho de 2008

E eis que o "chefe" manda sua resposta. Acredito eu, em papel timbrado:

Êpa lá, revoltadinha da estrela!
Pensasse melhor antes de pedir para entrar no barco.
Aqui, não aceitamos devoluções, principalmente depois de quase meia vida de uso.
Tá pensando que se livra assim?
Entregamos o produto em perfeito estado de funcionamento, se tu não leu o manual, sentimos muito, mas rezaremos por ti.
E porque sou Pai, mas não sou pailhaço, chupa essa manga agora!
Engole a língua antes de falar nesse tom comigo, toma aí teu pedido de Revisão de Incompetência para Vida Prática atendido (lembre-se que tudo tem seu preço)
E de bônus celestial, to mandando o Te Responsabiliza pelo que Cativas pra você aprender a não blasfemar.
By the way, mandaram um recado lá de baixo: Não te queremos nem pintada de vermelho. Inferno que se preza não aceita gente que chora... (gargalhadas). Seja macho, mulher.
(to tentando)

Tu é pai... e adora me desmoralizar, né.
De qualquer forma, fodeus que quis assim...

Agradicida, temporariamente.

(um raio, um vento, uma voz: e continua atrevida?)

30 de junho de 2008

E de repente, me vem a máxima-mínima: "Somos todos sozinhos no mundo".
E se somos, por que esse esforço tremendo e inútil de tentar conviver e viver em sociedade?
Às vezes tenho a impressão de que isso só serve mesmo pra justificar nossa não-aceitação de que sim somos sozinhos.

Não confunda com a bobeira do "nascemos sozinhos, morreremos sozinhos"
BA - LE - LA!
A gente nasce muito bem acompanhado, pelo menos por uma parteira (no último dos casos), sem contar a própria progenitora, que é obrigada por motivos de força maior a estar alí ao nosso lado (ou à nossa frente, atrás... enfim).
A gente vai sendo desacompanhado ao longo do tempo.

As mães, coitadas, nós dão o máximo de ferramentas que podem para seguirmos em frente.
Elas até tentam nos avisar que algumas coisas não serão fáceis. O único problema é que, talvez por cuidado, por amor, elas não nos avisam que ninguém estará ao nosso lado que não quando conveniente for.
Aí você - desavisadinho da estrela - começa a caminhar vida afora. Vez que outra cruza com pessoas que "teoricamente", e neste caso as aspas são absolutamente necessárias, se dizem ao seu lado para o que der e vier... BA-LE-LA-2.
E isso está errado? Você é uma vítima da sociedade? Você é um injustiçado? Você se pergunta...
CLARO que não. Talvez você seja um equivocado, e na pior das hipóteses, um incapaz.

Devia funcionar assim: Devolução divina - você liga pro C.R.E.D.O - Centro de Relacionamento com Deus Oni qualquer coisa - e solicita o formulário de devolução de alma inadaptada.
preenche lá, dados pessoais, maiores micos e roubadas, quantidade de vezes que precisou da ajuda de algum outro ser humano para fazer algo (quanto maior o número neste campo, maior chance do pândego divino te aceitar de volta), e escreve uma cartinha de intenções, que pode ser copiada da minha de quiser:

" Up guy, solicito autorização para me devolver pro Limbo, ou qualquer setor celestial que esteja precisando de elenco.
Sinto decepcioná-lo, mas não dei certo. Acho que me enquadro dentro dos 2% de margem de erro.
E não, não adianta me dar mais chance, o problema é sistemático. Acho que perdi o recall, sei lá.
Pode me mandar pro inferno, se for o caso, dizem as más línguas que lá sempre tem lugar pra mais um...
De qualquer forma, agradeço a oportunidade (é sempre bom agradar o chefe, pra ele achar que vc deu valor pro presente de grego que ganhou), mas não poderei cumprir com o job até o final.
Grata,"


Note que em momento algum afirmei que isso funciona... ´aí vem a BA-LE-LA-3: tave escrito sei lá eu onde: "Peça e serás atendido". HAh... Se nem no Habibi's isso funciona, imagina no carro-alegórico da Vida.

O fato é: tentar não custa nada (ai caramba, e la vem a BA-LE-LA-4, mas vou abrir uma exceção e tentar fazer vc acreditar nisso, senão vou derrubar todas as crenças do mundo e acabo com o parquinho de diversões), de novo, repete comigo: Tentar, não, custa, nadaaaaa.
Mas cá entre nós, você vai é ficar aqui mesmo, se decepcionando diariamente com seus coleguinhas de classe, esperando, quem sabe, aprender a se conformar com o fato de que ninguém, além da sua sombra, caminha ao seu lado.
Desiste de esperar.
Deu merda?
Se f...

E caso você ainda não tenha se dado conta, a culpa é somente sua...

27 de junho de 2008

ando assim

24 de junho de 2008

Ficava sentada na porta da oficina mecânica sentindo o cheiro da tinta.
Azul. Sempre imaginava a tinta azul, não importava a cor que estivessem pintando.
Enquanto atirava pedrinhas de brita no meio da rua, burlava o vento interno que insistia em querer sair.
Meu vento é molhado. Como garoa.
Hoje, enquanto atiro pedrinhas de brita no meio do peito, sinto o vento vindo da chuva.
Não quero mais respostas sobre o que foi posto em dúvida.
A dúvida do outro sobre o que vai no meio de mim incinerou violentamente meu último credo.
Me cala, e toda palavra que minha lágrima consegue produzir é carbonizada.
Sinal de fumaça em vão...
Minha verdade duvidada,
não há querer que resista.

Cala a boca do peito, cala a alma, guarda o que, por descuido, foi deixado ao alcance de mãos inábeis.
Os olhos ainda mexem, batimentos persistem, ainda que fracos, os impulsos não respondem mais.
No monitor do mais forte, além do sinal contínuo, lê-se
f u i d u v i d a d o >>>________________________________________________________________________________________________

Causa mortis: [dor - falência múltipla de argumentos]

20 de junho de 2008

Que estranheza é essa que me enche e me esvazia em intervalos de 32 minutos?
Dói, passa, dói, passa. Convence, questiona, duvida, convence.
Me sinto X-man. A pele dilacera e em horas é como se nada acontecesse, estou la, pronta para ser atingida novamente.

18 de junho de 2008


sem palavras. só sente