playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

31 de julho de 2008

e bebo confetti no copinho como um líquido milagroso, bolinha por bolinha, delicadamente descascada entre os lábios, que vão avermelhando-se, como que recebessem uma mordida tua.

casquinha de cima retirada, o meio derrete no céu da boca.
God Only Knows, na voz de Julia Nunes, embala as cores se desfazendo na boca. e no fim, tudo fica branco e preto.
Porque o colorido é artificial. O preto-e-branco, doce.

quando ele chegar

vou pensar secretamente
quando ele chegar
vou lembrar
quando ele chegar
vou separar coldplay e voar alto
quando ele chegar
vou imaginar o lado direito sempre ocupado
quando ele chegar
vou escravizar algumas vozes em volume ensurdecedor
quando ele chegar
vou buscar a água
quando ele chegar
vou estar sozinha
quando ele chegar
vamos sair?

30 de julho de 2008

Presa do lado de fora. Olho para dentro e procuro a entrada por onde saí.

A alma de vidro permite ver o vazio desocupado à espera.
Quando foi que saí daqui?
Dança lenta. Esvaziamento. Ao mesmo tempo em que preencho espaços de ar com "se's".
Se fosse, se falasse, se desistisse, se terminasse, se ... simplesmente se entrasse e ficasse quieta.

Hoje, antes do bom dia, recebo um abraço da amiga-de-trabalho, que vem por trás dá-me um beijo na bochecha, abraça e diz: "Que bom que você não se matou ontem. Fiquei preocupada quando saiu daqui".
Sim, saí falando, mas apenas falando: "se não fosse doer, pediria para um ônibus me atropelar agora lá embaixo". 
Assusto pessoas comuns.

Quer saber? Yep, com o peito pela metade, respiro, sorrio, faço graça, finjo que tudo está bem. E me peço para tomar uma atitude, doa a quem doer. E no fundo, tenho uma certeza criminal, de que seja qual for a opção, o fim é recolher as culpas do chão, uma a uma, e tentar ignorar a dor que o vazio na boca do estômago faz sentir. É a metade do peito que falta.

29 de julho de 2008

Viver é verão

Até o que é doce, no calor, amarga
Como fugir disso?
Evitando o doce 
ou congelando a vida?

3 dias e meio de silêncio digital. 

Demorava já muito para algum tremor.
O estado estático de "ninguém entra ninguém sai" sofre abalo.
Era uma tentativa de manter o mundo interno (seu e dos outros) em suspenso até as coisas parecerem mais claras.
É como driblar meteoros. 
No meio do caminho da auto-traição, o pior momento é o farol piscando verde, amarelo e vermelho, simultaneamente.


25 de julho de 2008

Good Morning Vietna, em plena tarde, 4h44 pm.

Mesmo de olhos fechados na sala branca, digito rapidamente minhas incapacidades.
Tomada por uma sensação inesperada de paz há mais de 90 horas, que de tão esperada, dá até medo de focar, para não desaparecer, ou ser questionada até ser desmentida, ou ser perdida, ou explodir como uma bolha de sabão...
Sim, sei usar pontos finais em minhas declarações. Uso indiscriminadamente os (...) porque os acho generosos com quem me interpreta. E acho-os generosos com minhas declarações. Afinal, por que não? sempre tem de ser considerado.
Mas há coisas em que posso por o ponto ao final sem nenhuma dúvida. SIMMM, sou capaz disso, surpreendendo os que conhecem minhas indagações. 
Existe um ponto ao final da coisa mais clara. 
E é um lindo ponto de exclamação!

23 de julho de 2008

Prefere tropeçar nas pernas que nas palavras. Vem de longe sorrindo.

Pés na areia. Água vem, água vai, concentra-se no vazio que fica no estômago quando ouve uma palavra não esperada. 
Para muitos, é ouvir e deixar passar. Para ela, fica, cutuca, relembra de suas imperfeições.
E são tantas as inperfeições que se pergunta como usá-las da melhor forma.
Muito tempo dedicado a pessoas. Muitas tentativas de fazer o melhor irreconhecidas. Define o não adiantar das atitudes. Por mais que se confunda, ainda não entende como os outros podem seguir vivendo nas suas egoístas solidões.
Não à toa nasceu um tanto artista. Imperfeições compreendidas e transmutadas em expressão.
Todos ouvem. Interpretam. Até julgam. Mas, de forma ou outra, amam, admiram, reconhecem.
A incapacidade de dizer não ainda vai levá-la a lugares tão sombrios que jamais voltará a se enxergar. E talvez seja esse seu objetivo, consumir-se na própria sombra. Parar de pedir explicações. Desistir dos por quês, mesmo que lhe pareçam vitais.
Tomar seu sorriso como seu cumprimentar. E distribuir-lhes a quem deseje, sem hora marcada, mas sempre aberto e pronto a acolher.
E que fique desse jeito, sorrindo e fingindo não querer entender, até que um anjo desça e abra o livro da alma, com todos os rabiscos e as tentativas de reescrita inúteis. 
Porque algumas partes da vida só podem ser escritas a caneta. Mesmo que umas por cima das outras. No fim, no mínimo, as concretudes viraram arte abstrata.

O amigo me pede frases mais curtas.

Mas essas são curtas o tanto que meu pensamento a metro consegue produzir.
Eu peço horas mais longas à noite.
Mas as horas são longas tanto quanto conseguem me suportar dentro delas.

22 de julho de 2008

NÃO REUTILIZE ESTA EMBALAGEM VAZIA.



21 de julho de 2008

Quando se tem vontade de mandar o mundo pra puta que pariu se faz o quê?

Engole, porque ainda é possível que se ouça: onde fica isso?

Desiste filha, ele quase grita. 
E eu...
Não posso, pai. É contra todos os meus princípios desistir.

errastes Edna

Por que será que tenho sempre a impressão de estar na contramão, mesmo quando jurei ver alguém ao meu lado indo na mesma direção?

Fim de tarde frustrado em meio a um cala-boca educado. 

(suspiro e morro mais um pouquinho)

6h15 de uma manhã com sol frio.

A devassa avista faróis se aproximando. 
O carro pára e pelo vidro escuro, ela treme as pernas e sente o coração pular, 3 vezes, ao ver aquela imagem que deixa em paz seu desejo, seu peito e sua vida.
Entra, e olha profundamente os olhos atras do óculos. Chora por dentro, dá um abraço e, imediatamente fica muda. O silêncio é recíproco, apesar das tantas coisas pra dizer. Os olhos conversam sem parar, contando da saudade e da esperança. Despedem-se num piscar pausado. 
O Eu Te Amo entalado na garganta e o perfume que indica o amor da vida acompanham todo o resto do dia.

20h14 de um fim de dia quente.
Ela não vê os faróis chegando perto. Segundo o anjo que acompanhou o processo, eles estavam apagados. 


18 de julho de 2008

da série Poesia InContida (o pior veto é a auto-censura)

Apiede-se.

Apodere-se.
Apaixone-se.
Garanta um mínimo de reciprocidade em seu peito para não passar noites rezando.
Desparalize-se, mesmo que seus movimentos sejam politicamente incorretos.
Entre nós não tem como haver o politicamente incorreto, diz.
Na lacuna que se segue à afirmação, ouso preencher internamente os pontinhos... Por( )que acordos de amor não seguem regras? ou !
Não se ama em acordo, o silêncio responde.
Nem de acordo, não é?, rebato.
De acordo com o quê?
É, de acordo com o quê? E sopro a nuvem pra cima...
Acordo. 


Cranberries entoa War Child



17 de julho de 2008

E a saudade de só se preocupar com as coisas básicas da vida?

Faltou comprar o pão pro cachorro quente, molhei meu sapato na chuva, a pipoca pro filme de hoje à tarde vai ser de queijo ou tradicional?
Às vezes se pergunta se ainda lembra disso. 
Olha para o lado e vê mães conversando com seus filhos: falam da cor do vestido da boneca. Houve tempo em que planejar o dia no clube era o único compromisso. Nunca imaginou que mamãe pensava em tantas coisas ao mesmo tempo e ainda conseguia rir de bobeiras e fazer parecer que seu mundo todo estava ali também e apenas.
Hoje a vida parece sempre estar amarrada em uma situação mal resolvida. Sempre, mesmo de férias olhando pro mar. Mar. Lembra do mar? Lembro. Mas não me serve apenas lembrar do que me faz feliz. Sentir é a diferença. E no mar? Vai ser só o vai-e-vem do sol que te ocupará pensamentos? Não sei. 
Desconfio da minha capacidade de viver das grandes pequenas coisas da vida, apenas. Mesmo sendo apenas delas que precise.
Up guy, tem jeito de amanhã meu pão na chapa ser mais importante que meu coração?

Encontrei Marta atrás de uma árvore. Escondía-se de si mesma. Pensava ela que jamais se procuraria num lugar assim, justamente por ser um lugar ridículo para uma mulher do seu tamanho, com aquelas roupas e visivelmente emotiva ficar.

Chego próximo, sem esconder que a vejo. Paro, e olho seus pequenos olhos ainda pintados da noite anterior. Escorrem em gotas cadenciadas. Limito meus movimentos aos olhos atentos àquela cena.
Percebo o casaco pesado em pleno sol de uma manhã de verão em julho. Sente muito frio e fome quando sofre. E eu sinto por ela.

Em momentos assim, melhor encostar as costas nas cascas da árvore e adimitir prazeres diferentes de suas pretenções humanas.
No fundo, Marta tem tão pouco tempo que não consegue gastá-lo com o que realmente deveria.
Passa algumas horas por dia olhando para o relógio lamentando/lembrando/desejando/planejando/esperando, até que resolve seguir. Sacode a cabeça como um filhote que sujou as orelhas, certificando-se de que voltou à realidade, e começa a andar. Ouve Ave Maria.
Marta aquieta-se e agradece aos céus quando não precisa falar. Seu peito já grita suficientemente alto. 
Compra uma garrafa de vinho, cigarros, uma caixa de Bis, soda cáustica para limpar azulejos, um potinho de Mentos.
Destrava a porta, acende o cigarro, escreve o nome do destinatário da caixa de chocolates, segura firmemente a taça antes de limpar suas paredes do estômago.  Um gole só e um Mentos antes de dormir.




16 de julho de 2008

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. 
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. 
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. 
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.


Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! 
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. 

Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: 
- E daí? EU ADORO VOAR!


clarice lispector

15 de julho de 2008

Flip passa os dias nadando. E quando vem à superfície ver o sol, sonha um pouquinho.

Com sons de grilinhos, se declara.
flrflrflrflrflr. Balança a cabeça. bate a nadadeira na água, chamando...
Algumas vezes, surpreendo-o boiando de costas, como se esperasse alguém chegar.
E mergulha... fundo, mais fundo, mais no fundo. E volta, porque precisa sentir a lâmina de água quente do sol para sentir seu corpo lisinho vivo.
Flip pensa no sol até de noite. Até quando admira a lua.
Porque Flip sabe que só consegue ver a lua se o sol estiver brilhando.
Ele diz querer nadar sem destino, embora saiba a direção. 
Flip cochicha aos ouvidos de quem sabe escutá-lo.
Ouviu? Sentiu? 
É o sol, Flip sorri. 
É meu sol. 
É sol meu.
E todo dia, o sol vem procurando por Flip, desde o horizonte quando desperta.
Que graça tem ele aquecer a água se Flip não está nadando.
Ele brilha mais e mais forte, até a água esquentar. 
Bom dia, Flip.
Bom dia Sol.
Eles vivem um pro outro. Mesmo que as crianças na praia achem que o sol é pra elas e que as piruetas de Flip são seu maior talento.

Se o sol desistir de Flip e Flip desistir do sol, o sol desistiu do sol e Flip de Flip.

Agora é noite... 




10 de julho de 2008

Leio blogs desatualizados de amigos enquanto minha vida se atualiza de hora em hora (praticamente uma tele sena).
Pisco olhos e uma dúvida se sobrepõe a uma certeza, uma certeza empurra uma dúvida pra lá. E não posso simplesmente fechar a porta de mim mesma e ir embora. To aqui, como caramujo, que pra onde quer que vá, leva a casa nas costas.

Procuro Marta há dias. Ela não dá as caras. Deve estar escondida em algum buraco escuro, me olhando e rezando pra eu voltar logo.

Temo não conseguir, Marta. Ma estou tentando.

8 de julho de 2008

A amiga diz em seu diário:

O que te machuca não está nos outros.

e me volto imediatamente para dentro. Olho melhor, confirmo: desertei.

Buenos Aires amanhece enfeitada nesta terça de julho.
Há cachinhos disfarçados deslizando pelas ruas.

7 de julho de 2008

Naquela noite de garganta engasgada, ela abre a mala, senta no chão e fica por horas olhando o coração.
Suspiros engolidos marcam a dor da perda. Perda de si mesma.
Havia uma esperança de sair inteira, mas percebe, ao ouvir as batidas espaçadas, que seu melhor pedaço estava sendo deixado. Era necessário. Não havia escolha, embora parecesse uma.
Era tarde. Sentia mais uma vez ser invisível, ser qualquer coisa.
Engole um seco dos que atentam sobre si próprios, e sabe que é o que deve ser feito, mesmo que quisesse com todas as forças o contrário.
Sem ajuda, sem amparo, sem cumplicidade, veta, em nome do amor próprio, às custas da morte do coraçào.
O desamor vem em tom de proposta. Que claramente declara.
Neste instante, prefere o silêncio da dor...
Cala. Chora. Espera.
Eu estou aqui, pensa, e ninguém viu, mais uma vez.
Meu silêncio é dor, nada além.
E pede: apenas me permita silenciar.
Apenas.
Um pedido.
Fecha a mala, deixa ele lá.

3 de julho de 2008

Solange, a Gaga de Ilhéus

Nada nesse mundo paga 3m47seg de gargalhadas

1 de julho de 2008

E eis que o "chefe" manda sua resposta. Acredito eu, em papel timbrado:

Êpa lá, revoltadinha da estrela!
Pensasse melhor antes de pedir para entrar no barco.
Aqui, não aceitamos devoluções, principalmente depois de quase meia vida de uso.
Tá pensando que se livra assim?
Entregamos o produto em perfeito estado de funcionamento, se tu não leu o manual, sentimos muito, mas rezaremos por ti.
E porque sou Pai, mas não sou pailhaço, chupa essa manga agora!
Engole a língua antes de falar nesse tom comigo, toma aí teu pedido de Revisão de Incompetência para Vida Prática atendido (lembre-se que tudo tem seu preço)
E de bônus celestial, to mandando o Te Responsabiliza pelo que Cativas pra você aprender a não blasfemar.
By the way, mandaram um recado lá de baixo: Não te queremos nem pintada de vermelho. Inferno que se preza não aceita gente que chora... (gargalhadas). Seja macho, mulher.
(to tentando)

Tu é pai... e adora me desmoralizar, né.
De qualquer forma, fodeus que quis assim...

Agradicida, temporariamente.

(um raio, um vento, uma voz: e continua atrevida?)