Rogério precisa assistir à sua vida de fora para tomar decisões. Assim como faz a lista do supermercado, abrindo a porta da geladeira e observando o universo gélido. Descobre os buracos vazios e pensa com o que preenchê-los. Entre o pote de margarina e o litro de leite caberia perfeitamente um pedaço de queijo. Anota.
Todo dia, no trajeto de casa para o trabalho, sentado no ônibus, repassa o que está bem e o que não está em sua vida. Está fora de casa e, como com a geladeira, consegue ver os buracos vazios e os espaços demasiadamente preenchidos. Reorganiza seus sorrisos e suas dores. E percebe sutilmente a presença de um vidro de geléia de morango no lugar do coração. Corre para casa ao final do dia, e está lá, exposto na segunda prateleira. Pelo menos este não está faltando.
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