playlistinha - momentos

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22 de outubro de 2006

autoproteção coletiva

Quanto custa dizer não, outro dia, não vou, não posso?
E o tão desejado vai escorrendo pelos dedos.
Parece que quanto mais queremos, mais distante ficamos.
Tentando acertar, é uma gafe atrás da outra.
Tiros no pé.
Pés metralhados de boas intensões.

29 de setembro de 2006

um dia...

Se soubéssemos que crescer era uma grande máquina de lavar roupa, pensaríamos muito antes de desejar tanto.

Todo dia lavando a alma, tirando manchas. Existe Vanish Poder O2 pra mancha de caráter?

Roupa suja e louça na pia são a maior prova de que tudo é cíclico e eterno. Sempre, por mais que você lave, vai haver um prato, uma blusinha te olhando e pedindo água. Quem pede água sou eu! Cadê a independência? Minha mãe não manda mais em mim, mas foi ridiculamente substituída pela “vida de adulto”. Não. Eu não quero ser filha nem escrava da minha própria “vida de adulto”.

Amores não ficam de molho. Mas parece que as pessoas às vezes são como os pratos: é só lavar e pode usar de novo. Confesso que nesse universo me identifico com os descartáveis. Só me sujei uma vez. Só alimentei uma vez. E o processo de reciclagem, ainda bem, é longo. Mesmo que eu me transforme em um porta-canetas, você comeu em mim.

27 de setembro de 2006

Devaneio necessário ao bom andamento de uma mente pisciana, psicossomática, psicanalítica, psicótica, psiu...

Quando eu morrer, queria algumas pessoas aí pra me receber.

Se possível, o meu avô. E ao lado dele podiam estar Elis e Cássia. (há mais umas três pessoas, mas não vou matar ninguém antes do previsto)

Definitivamente os três combinam. E os três me trazem as mesmas sensações – grama molhada, abraço e nenhum aperto no coração. A maioria das pessoas me aperta o peito. Algumas por amor, outras por culpa, por desejo, por saudade, por querer e não ter e por ter e não querer.

A gente acha que quando dói é bom. Não sei, talvez. A dor é só um aviso de que a gente devia ter dado mais valor.

Mas aí, vem a paz. Paz de estar em dia com a gente mesmo. Seguinte: Doeu. E que bom que doeu. O ser humano é criança pra sempre. Se não é restringido, não aprende. E ainda há aqueles que nem assim chegam lá. Tem que se ter muita paciência com esses. Você ali, tomando uma atrás da outra e agradecendo pelo que aprende, e o cara com errinhos tão banais incapaz de decifrar a mensagem.

O que se faz com uma criatura dessas?

Reza-se. Não uma rezinha das decoradas por qualquer beata, mas uma boa reza brava, do tipo: Deus, ou coisa maior que eu, tenha muita paciência, e se der, não esquece de explicar no fim o porquê.

Hum, ok. Fui, voltei e não levei ninguém a lugar algum, certo? Melhor assim, alguém deve ter chegado ao ponto. Um ou dois alguéns, no máximo. Maybe três. Bingo.

26 de agosto de 2006

_fuga literal

Os textos sumiram. Conversas, anotações, inícios de orações. Tem dias que eles fogem de mim, eu até questiono se eu não os escondo num lugar secreto pelo prazer de procurar. Procurar é uma obsessão, que às vezes, de tão boa, faz o encontro desnecessário.

A gente procura se encaixar, depois se sente sufocado.

A gente procura um amor, e quando acha esquece que procurou.

Procura casa, e aluga quartos.

Procura acertar, justificando erros tão certos.

Procura lembrar, pra esquecer.

Procura escrever a coisa certa, pensando errado.

Procura cura, pra curar o quê?

A procura.

À procura...