playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

27 de agosto de 2008

_ Não sofre.

_ Mãe, acho que já sofri. Desta vez é tão triste que tô oca.
_ Oca? (silêncio) Puta merda, minha filha.
.

Acho que naquele silêncio, ela deve ter se reconhecido em algum momento da vida. E quase pude sentir o seu pesar. E percebi o quão forte era o que eu estava dizendo. Mas era a verdade.

26 de agosto de 2008

Ia descendo a rua, pensando no som do nada. Ia respirando o vento da noite, como se eu tivesse sido privada dela por anos. Ele passa por mim, cabelos compridos, lisos, camiseta vermelha desbotada, calça de moleton azul-marinho e chinelo de dedo. E barba, sim.

Olhei por dois segundos. Passou. E segui a descida certa daquilo: Jesus passou por mim!
nem me pediu esmola, como acredita o melhor amigo, nem deu uma gargalhada na minha cara, como insiste em afirmar a amiga.
Apenas passou, como quem diz: só pra tu saber, ando por aí.

Depois que Juliana viu o Bin Laden dirigindo um Fiat 147 na radial, por que exatamente eu duvidaria do que vi?

E se o Filho do pândego resolveu cruzar o meu caminho, naquele dia principalmente, deve ter sido apenas para me fazer ter a sensação de que Vai ficar tudo bem. Não fosse isso, ele teria me pedido a tal esmola, pra me testar.

Será Je? Bem sabes tu que nunca te dei muito crédito. Não que não mereças, te conheço tão pouco, não posso te julgar, mas a verdade é que sempre preferi ir direto a quem manda. 

Enfim, sendo ou não sendo tu naquele dia, me fez pensar.

Hoje, indo pro consultório onde receberia a sentença anual, vi aquela senhora que mora no ponto de ônibus da Caio Prado. E entre todos os pensamentos que me tomam sempre que deparo com algo assim, me foi mais forte questionar todo amor que se dá e que não é recebido, e que fica alí, sem função, por simples desistência. 

Ando vazia de tudo. E é justamente esse vazio que me preenche. 
a 'águamá" ainda tá aqui, e acho que vai lavar o que tenho por dentro.
E por mais "águamá" que tenha, sinto... e muito.

25 de agosto de 2008

Mágoa deveria vir de Mágua = água má. 



Se o caminho de volta para a sanidade passa pela loucura, ela treina para se salvar. Porque, enfim, quer.

Marta reza ininterruptamente, de 15 em 15 minutos, há 69 horas.
Não uma reza para uma entidade específica. Mas um afirmar repetido para não perder o controle.
Quase um ritual, ou um Transtorno Obsessivo Compulsivo (como diriam lá pros lados da "Saúde"): pensa em pensar (ou algo a lembra), o estômago ameaça doer, a luz vermelha acende, relembra o porquê, repete, repete, repete, às vezes com as exatas palavras; neste instante consegue reduzir o coração para 70/80. 
Engole a saliva e, apesar de ser triste, respira leve. E consegue se reconhecer lá dentro.
Até daqui 15 minutos, ou em edição extraodinária que a desacalme.
Talvez não esqueça, mas vai acreditar que esqueceu.
E vai ser assim, até que deixe de ser.


... E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia."

C.L.

Sorte de hoje: Você viajará para muito longe


* deus te leia, deus te leia

tudo devia ser mais divertido, né?






23 de agosto de 2008

Esta noite vou rezar, pra qualquer coisa, pra qualquer pessoa, pra qualquer deus. Pra que eu possa dormir e esquecer que acreditei.

21 de agosto de 2008

A palavra da vez é Oscilar.

Tal qual pêndulo, de lado a outro, ou o coração a pulsar. TUMTUM, tumtum, TUMTUM, tumtum.
TUMTUM - estou aqui; certa paz
tumtum - não estou aqui; dor no estômago
Particularmanete, me agrada o TUMTUM. O outro me dá medo. Porque quando bate o "não estou aqui" parece que podem fazer de mim o que bem querem.
Indefesa. Fico a mercê das minhas dores que eu mesma causei. Que eu mesma deixo ou não me atingirem.
Estou há dias redigindo a carta de demissão de tais dores. Nela, considerei justa causa. Antes fosse abandono de emprego, mas ainda assim as demitirei.
Paralelo, estou no último "parágrafo único" que me reserva o direito de não querer que o tumtum mande em mim.
E o pêndulo vai...
E o pêndulo vem...
Como na brincadeira de Passa Anel, estico as mãos e rezo em voz alta para que nesta passada, venham as minhas vontades e decisões. Pro meio das mãos. 
Dá-me que o filho é meu.
Ogunhê meu pai, luz! [como me ensinou Patsy Cecato, pro caso de chutar macumba]


20 de agosto de 2008

Primeira aula de francês. Não sabia que eu ia fazer francês? Tudo bem, eu mesma fiquei sabendo meia hora antes. 

45 minutos de não pensar em nada além de ès e és... Foi bom.

19 de agosto de 2008

cumpro tarefas em minutos, passo mal, penso em ir ao ambulatório e adio, porque penso, se eu for, quem me levará pra casa?

Preciso deitar no chão do banheiro. 
Quando eu morrer, promete que (não) chora?

Sorte de hoje: 
Você escapará por um triz de um problema sério.

*que novidade! orkut dando uma de mãe dinah.

18 de agosto de 2008


Uma ligação às 4h da tarde. a voz conforto do outro lado proclama: na segunda noite de setembro, dormirás na porta do Pacaembú. 


15 anos depois, nem ouso dizer não.



*a foto é vélea, porque sou vélea.

Ela não quis contar dos seus planos. Pro caso de darem errado.

Manteve silêncio e foi levando até a hora em que pudesse dizer: olhe o que fiz!
44min e 58seg do segundo tempo. Ela ia gritar: Olh... O juiz apita.
Ajoelha na grama. Essa chuva veio de onde? Do balde de água fria que Deus jogou. 

Leva contigo minha parte melhor.

Guarda, se não for usar. Mas leva.
Leva pra um dia de frio, uma noite de Lua quente, uma saudade qualquer.
Leva tentando não deixar cair. Mas se cair, diz a etiqueta:
Já é parte. E partes não se partem.
Dizem que um pedaço é sempre mais forte que o todo.
É física, área, força, resistência. Coisas assim.
Leva. E se puder, leva pra longe de mim.
Que a minha parte melhor fique longe. Assim posso esquecer que ela existe.
Leva ao menos isso de mim.
É o que tenho pra dar.
O melhor de mim.
Queira levar.

13-08-08 "que amor é esse que desordena. que entrega e recusa. que mata de querência e traduz o mundo em um sem palavras infinito. que trança as pernas e acorda engasgado. que diz as verdades que mentimos a nós mesmos. que arranca la do fundo a vontade do sempre, do sempre estar, do sempre querer, do sempre esperar, do sempre amar. e que entorpece fazendo parecer nunca acabar. que faz negar convicções e ter medo, e ter medo, e ter medo, de perder, de não ter?

que amor? pergunte-se. mas prefira não sabê-lo. não senti-lo, não precisá-lo. a menos que ele venha, cedo, tarde, um dia, caminhar ao seu lado. pra frente, pra frente. e mesmo que um minuto, pra sempre. 
Prefira os pra sempres de um minuto aos nuncas eternos."

*134 - rua D - Cemitério da Consolação

16 de agosto de 2008

13 de agosto de 2008

Forçar-se ao esvaziamento é encher-se de tentativas em vão. Mesmo que o vão seja um vazio. 

Deito, levanto. 

vazio.
deito, levanto.
vazio.
deito levanto.
encho com água.
deito, levanto.
esvazio.
e o esvazio
não é ex-vazio.
por quê?
porque tá cheio.
de vazios.
e vazio ocupa uma espaço danado.
o vazio é uma bolha que mora entre o estômago e a garganta.
é a presença da ausência presente.
Se a previsão do tempo erra,
o imprevisto é certeiro?

7 de agosto de 2008

A escuridão la fora e a chuva fria desmentem o relógio, que insiste em me dizer 16h30.

Sempre sinto dias de chuva como veículos de comunicação sem palavras. Sentei aqui pra contar coisas que você já deve saber, mas nunca parei pra dizer. Estou atrasada em alguns anos, mas talvez somente agora eu tenha dados concretos.
Um menino lindo chegou logo depois que você me disse tchau naquela rua vazia, naquela noite. E queira ou não, ele evitou alguns prantos dela. 
Uma tempestade de silêncios doloridos que duram até hoje, em alguns momentos. 
Teve de tudo, desde a incompreensão até o autoconhecimento. O mundo se inverteu e assisti a dura passagem da adolescência de mamãe. 
Enquanto eu rezava, compreendia porque tudo tinha de ser assim.
O menino meigo e cheio de um amor que não sabia de onde vinha trouxe a sobrevida excepcional àquela pessoinha que achávamos estar de vez sozinha naquele mundo onde só você entrava. 
Eu chamei isso de equilíbrio.
B se movia com o vento. Enquanto Ly(i)dias trilhavam seus caminhos. Um lindo balé em retrospectiva hoje.
Cada passo meu para fora, um dela do mesmo tamanho para dentro.
Alguns vários acontecimentos dediquei a ti. Outros, agradeci por não estares vendo. (sim, deixa-me me enganar)
Entre feridos e feridos, todos vivos. Cumprindo as lições de casa.
Cortei aquele fio com dor e prazer em iguais dimensões. Mas fiz questão de manter a dor a e alegria desaber quem sou, de onde vim.
Cara, acho que tu ia gostar de me ver hoje. Não fiz nada muito incrível ainda, mas consigo ver um balançar de cabeça teu com um sim e um não cada vez que algo de fato acontece.
E o presente que tu me destes tá aqui, no lugar que ninguém mexe.
Hoje, olhando a chuva cair, olhei pro céu e pensei: tá vendo?? Tô aqui, tentando fazer tudo quase direitinho. Acho que tô conseguindo, e melhor, sozinha. Sozinha de verdade, não fosse pela certeza de que vez que outra te sinto me espiando.
Não consegui desenvolver habilidade para negócios, como deves ter percebido nos últimos meses. Mas consertei tudo sem pedir socorro. Dei uma choradinha escondida, adimito, mas tá valendo né?
Aprendi a comer direito, mas de birra mantenho habitos felizes que me lembram você. O shape nnao nega a raça, e honestamente, não morro mais por isso.
Tento guiar B, e embora não o faça como tu, tenho me saído razoavelmente bem.
Estou longe de L, mas é incrível como penso nela todos os meus dias. E me mantenho ligada naquela tênue linha de consciência que acho que só ela entende. Ela, por sua vez, volta de vez em quando do mundo encantado, mas somente quando pessoas muito específicas solicitam. Não deixe de estar aí quando ela decidir não voltar mais, tá.
Ando pecando pela distância e ausência. Mas não consegui uma forma mais eficaz de cumpri algumas tarefas para crescer. Sei que você me entende.
Apesar de sempre parecer existir um flutuar da gente por aqui, todos estão dormindo e acordando bem, conforme o destinado. 
Tua falta se faz presente, mas nada parou como tínhamos medo, eu e tu, que acontecesse.
Eu confesso que sinto saudade de não precisar entender o mundo, mas tenho gostado de estar atenta a ele.
As contas estão todas pagas.
Nunca mais fiz salada de feijão à noite.
Comprei meu primeiro carro sozinha e não me deram nenhum brinde, desculpa.
Assisto TV com o controle-remoto em cima da barriga pra me lembrar de ti.
Monto a paciência com o baralho vermelho, mas nunca completo o jogo.
Agora gosto de sementes de girassol.
Guardo tuas moedas da sorte num lugar secreto.
Dou bronca em b e chamo L de Gigio pra elas não esquecerem.
Vibro quando vejo um 23 no final de um bilhete de loteria.
Espero o dia em que usarei tua bengala pra andar pelo sol.
Caio e levanto todos os dias.
E sorrio pra todas as pessoas, como sempre te vi fazer amigos.
Como podes ver, acho que tá tudo certo... Fizeste um bom trabalho.
Até o próximo relatório, Vô. 
beijos,
Coraçon

6 de agosto de 2008

Rogério precisa assistir à sua vida de fora para tomar decisões. Assim como faz a lista do supermercado, abrindo a porta da geladeira e observando o universo gélido. Descobre os buracos vazios e pensa com o que preenchê-los. Entre o pote de margarina e o litro de leite caberia perfeitamente um pedaço de queijo. Anota.

Todo dia, no trajeto de casa para o trabalho, sentado no ônibus, repassa o que está bem e o que não está em sua vida. Está fora de casa e, como com a geladeira, consegue ver os buracos vazios e os espaços demasiadamente preenchidos. Reorganiza seus sorrisos e suas dores. E percebe sutilmente a presença de um vidro de geléia de morango no lugar do coração. Corre para casa ao final do dia, e está lá, exposto na segunda prateleira. Pelo menos este não está faltando.                                                                        


5 de agosto de 2008

Sorte de hoje: Se seus desejos não forem extravagantes, eles serão realizados.

Extravagante? Eu? Mesmo?

Às vezes, palavras não deveriam ter extremos significados.

Embora se ouça pela vida afora que as danadas têm peso.
Declaro minhas palavras em dieta por algum tempo.
E que elas desfilem como modelos anoréxicas pela passaarela pautada.
Apenas levando (falta de) beleza às platéias voyeurs de pensamentos alheios.
Alimento minhas palavras agora com alfaces ao sol.
E que elas desandem em belas e vazias imagens. 
Apenas encantando momentos de respiro mútuo.
Leve leves palavras minhas.
.
.

4 de agosto de 2008

e a voz, como um mantra, ressoa na cabeça:
Você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado, você está no lugar errado...

-
e eu respondo em voz alta:
Eu sei, eu sei, eu sei, eu sei, eu sei, eu sei...

-
e o universo espera:
do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything... (sim o universo é bilíngue)

-
eu eu me digo:
do anything, do anithing, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything, do anything... (sim eu também sou bilíngue)

-
e o mantra bate o pezinho 3 vezes.

-
e compro um pacote de pipoca e me assisto no espelho