playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

29 de setembro de 2007

Mamãe tá adolescente de novo.
Ligo despretenciosamente para saber se tudo vai bem pelos pagos de lá e ouço: "Filha, fiz uma loucurinha."

Bom, talvez para uma ex-porra-louca dos anos 60, sair com um cara que mal conhece e se divertir horrores e depois descobrir que não teve nada a ver seja uma loucurinha.
Eu ri... E achei uma delícia ouvir aquilo. Há anos não via minha mãe em estado acelerado, quase com vergonha de ser feliz.

"Mãe, aproveita e curte. Só te preserva. Porque ninguém merece decepções". Foi a coisa mais honesta que eu pude dizer com um sorriso na boca que não dava pra ela ver pelo telefone. Daí, seguiram-se detalhes, não sórdidos, mas que há séculos eu nao ouvia daquela boquinha... Mamãe estava alegre... e isso foi suficiente para que eu esquecesse as minhas decepções. Meu dia havia sido dos mais pesados e, como sempre, minha mãe veio me salvar, sem nem saber que estava fazendo isso.

Ela sempre foi assim: leve, desencanada e tentou me passar a melhor coisa que ela sabe ser na vida, uma pessoa do bem, que por mais que a sua dor seja enorme, prefere dar valor pra dor do outro.

Uma amiga sempre me diz que eu sou uma pessoa que sofre com dignidade. E se isso é verdade, devo isso à minha mãe, que deve ter milhões de faces, porque sempre que açoitam uma delas, ela se vira e oferece outra.

Critiquei muito, durante muito tempo essa atitude dela, porque não queria vê-la sofrer. Hoje, percebo que isso não é sofrer. Isso é ter a alma limpa... é sobrevivência.

Ela não vai ter câncer nunca. Já eu, ainda to aprendendo. E por mais que eu diga que não... Talvez eu queira ser exatamente como minha mãe quando eu crescer.

desculpas à toa

quando você quis, fez.
quando errou, se desculpou.
quando cansou, desistiu.
quando sentiu saudade, ligou.
quando se divertiu, sorriu.
quando não quis, mandou embora... e ainda a culpa é minha.

dois pesos e duas medidas, sempre.

quando eu... forget it

26 de setembro de 2007

Se é certo que este ano (2007) é o ano do fechamento de ciclos. Há de ser também o ano do início de novos ciclos. Sim? Me corrijam se eu estiver voando.
Portas estão se fechando, e como diz um amigo, alguma janela há de se abrir.
Pois bem, percebi uma pequena basculante entreaberta. Acho que sou capaz de passar por ela. O duro é que a tal janelinha-ventilação tem mania de se fechar antes de se poder passar com o corpo todo. Fico presa. Encalacrada. Enquanto era apenas um braço, tudo bem. Mas a tal deixou-se aberta por um tempo maior ultimamente e consegui passar 70 por cento de mim. Agora, já era. Voltar vai doer demais, afinal, já passaram os ombrinhos. Não é o que dizem dos nascimentos? A pior parte são os ombrinhos.
Não há de ser nada, vou deixando o sal de lado, quem sabe enxugo um pouco os líquidos e escorrego para dentro.
Bem sei que lá dentro está quente e confortável, e decerto há lugar pra mim.
Neste exato momento, sinto-a me pressionando. Como se me dissesse: "ei, te deixei entrar um pouco. Um pouco, eu disse. Não quero, ainda, que entre mais. Espera. Logo te deixo entrar".
Pois bem, aqui estou eu, metade dentro, metade fora, aguardando. Tenho paciência e preparo físico suficientes para a espera. Mesmo que me debata por vezes aos prantos, pensando na possibilidade de não conseguir entrar. Espero.
E convenhamos, para quem tinha as mãos destruídas toda vez que tentava apenas encostar para abrir, até que evoluí bem.
Janela, janelinha... o ano não pode terminar sem você se abrir todinha...
Tá, a rima é pobre. Vou consultar um oráculo qualquer pra ver se as palavras aqui de dentro conseguem entrar em sintonia com os próximos rascunhos de mim mesma.

25 de setembro de 2007

...Foram uns dois segundos e eu fui surpreendida exatamente pelo que esperava há tanto. E tem jeito melhor de se surpreender, senão pelo que se espera? Não sou capaz de dizer quanto durou. Apenas sei que aconteceu... E foi bom. Foi bom perceber que vinha em minha direção. Foi bom me dar conta de que não havia tempo para desviar. E ainda bem que não desviei. Foi bom encostar de leve e sentir você.
Foi bom ficar quatro segundos (não exatos, afinal quem contaria segundos naquela hora)te sentindo parada com o rosto tão perto que podia ouvir teu pensamento, e de repente ser puxada como um imã. Foi rápido, isso eu posso determinar. Mas alguma coisa tem de explicar o por que de eu, depois de lutar contra a porta, entrar em casa e ficar andando sem saber pra onde ir. Sentar na cama e me perguntar: Você tem certeza de que não é um surto de algum cogumelo alucinógino que você tem mania de comer?
Só não foi tão bom te ouvir dizer "tá tudo errado". Mas ao mesmo tempo, foi ótimo. Porque me fez responder internamente: "não, tá tudo certo. absolutamente certo".
Certo é poder dizer que sente. Ou não sente. Certo é matar vontade, ou curiosidade, ou desejo. Errado seria matar tempo. Errado seria fazer por fazer. E eu acho que nao foi o caso, foi?
Horas depois, ouço coisas que já esperavam para ser ouvidas há muito. Enfim, foram libertadas da auto-censura fulminante que te protege.

É gostoso ver você sorrir leve e se deixar levar por você mesma... Quer dar um passeio comigo?

O que se segue não mais precisa ser expresso em palavras, pelo menos não públicas. Enfim, uma briga que valeu a pena. E eu sabia que valia.

18 de setembro de 2007

Me demito.
Me demito de dar tudo o que posso. De ser compreensiva com a maldade (programada ou acidental).
Demito a mim mesma de te convencer de que falo a verdade.
Estou me mandando embora. Porque o golpe foi na boca do estômago.
Se acredita realmente no que diz, não aproveitou nenhuma chance de enxergar quem esteve na tua frente. Essa aí que você desenhou não sou eu. Se quer dar a ela o meu nome, dê. Mas não sou eu que ela representa.
Talvez ela represente a imagem que alguém deixou na sua referência. E você agora quer estampar em mim.
Me demito, de carregar o estigma de quem te fez mal. Porque eu não fiz.
Quis ser amor. Não podia. Deixei de querer ser.
Quis ser amizade. E podia. Mas tem algum muro no caminho que é mais forte que eu. Meu motor é 3,0. Mas eu devo ter esquecido o kit off road. Porque bato contra o muro e me despedaço.
Eu não sou perfeita, erro muito. Faço coisas horríveis para mim e para os outros. Mas sei pedir desculpas. Só não posso me desculpas pelo que não faço. Embora se necessário, desculpa nunca é demais se vier de dentro.

Te falta olhar pra fora. Eu sei que o mundo ai dentro deve ser lindo e com certeza mais seguro. Mas a insegurança aqui de fora pode te dar a sensibilidade para reconhecer quando alguém fala ou não a verdade. Te desejo que um dia resolvas sair daí, dar um passeio.

A gente espera do outro o que espera da gente mesmo.
Talvez por isso, eu não consiga acreditar que tua injustiça seja tua verdade.
Agora, pegou pesado. Porque botou minha palavra no vento.
Vai passar. Sei que vai.
E quem sabe quando outro avião cair, você reflita de novo sobre deixar conversas mal acabadas. É uma pena que tanta gente tenha que morrer para algumas pessoas perceberem que não sabem de tudo que acontece na vida de outras.
você não sabe o que disse. E não sabe o diz. De mim.

16 de setembro de 2007

Beijo quente, acelerado. Deixo o copo de lado.
Os braços em volta de ti. Seguro.
Sem perceber, quem me segura é você.
Para não me deixar ir?
Para não me deixar chegar?
Me segura pra quê?
São eternas palavras, olhares indo e vindo.
Alguma coisa acontece na via que vem daí para cá. Eles param de chegar.
Foi blitz? O pneu furou? A marcha diminuiu?
Meus pensamentos têm sempre o ponto de interrogação ao final.
Será esse tom da nossa música?
Ontem sonhei com você.
Falava ao telefone, baixinho, como há muito não fazia.
Sem querer te transformei em sonho.
Talvez tenha sido aí que me enganei.
Se a fada-madrinha aparecer esta noite, vou pedir para não sonhar.
Nunca mais.
Quero apenas amores que forem reais.