Você já se deu conta de quantas vidas cabem na sua vida?
Às vezes, lembro de todas as pessoas com as quais convivi e todos os mundos que conheci.
E são muitos, e tão distintos que é difícil até acreditar que couberam nos meus até agora 31 anos.
Bem sei que dependem dessas vidas dentro da vida as nuances de quem sou.
Você pode se perguntar: Sim, mas o que isso tem de importante?
Tem muito. Aliás, acho que é de fato O que importa mesmo.
Quando você acha que não se enquadra em algo que vive hoje, lembre das tantas referências que adquiriu.
Hoje você pode estar tomando café em um Starbucks com suas poltronas marrom-escuro e pessoas hype que discutem seu comportamento amoroso. Mas você lembra de quando tinha 6 anos de idade e tomava café com pão quentinho, recém-comprado na padaria, sentado na poltrona até esfarrapada da casa de madeira simples onde morava a senhora que trabalhava na casa dos seus avós?
Aquela sensação também faz parte de você, e arrisco dizer que ela talvez explique mais sobre você.
Lá pelos 10 anos, minha vida era praia. Eu respirava praia, suportava o ano inteiro de aulas para estar na praia, passava 3 meses perdida entre o mar e as fugidas de bicicleta que duravam até anoitecer. Eu ia dormir sonhando com TUDO o que eu queria ser e fazer. E acordava ouvindo as ondas batendo quase no muro de casa. E pasmem, naquela época, o sol, o barulho de gente feliz, cantando, o céu azulzinho, me faziam pular da cama.
Meus 10 anos também guardam tristezas. Apesar de viver cercada de amigos, meu mundo interno sempre foi mais interessante pra mim. Não sei precisar quando foi que minha vidinha paralela começou a não ser atualizada diariamente. Portanto, não sei precisar quando foi que cresci. O fato é que isso aconteceu, bem bem depois dos 10 anos, posso garantir.
Lá pelos 15/16, um ensaio para a vida de adulto. Eu ainda acreditava que podia ser qualquer coisa, e seria. Descobri qual mundo me fazia feliz. E também minha capacidade de não me permitir o ser. Mas isso é outro post.
O que interessa é que hoje você pode estar vivendo coisas que até enxerga como definitivas ou determinantes, mas pode, e deve, tentar lembrar de todos os momentos absolutamente diferentes de que você já fez parte. E a gente traz um pouquinho de cada um conosco. E o melhor de tudo: a gente pode voltar a essas vidas, nem que seja para se resgatar quando algo ou alguém nos faz esquecer quem somos.
É muito provável que isso não o impeça de sofrer, de se decepcionar ou lamentar a não presença de alguém na sua vida. Mas não tenho dúvida de que isso fará com que você reconheça de imediato quando algo ou alguém te transmite felicidade. Basta este algo ou alguém te lembrar aquela sensação que você tinha quando sonhava ou quando vivia, sem se preocupar com amanhã, porque amanhã podia tudo.
Ah, e se você reencontrar essa sensação, faça de tudo para tê-la. Apenas não se perca...
E antes que você pergunte, não, eu ainda não...
2 comentários:
bem precisava ler isso hoje. esta semana, por uma noite e um dia inteiros, uma pessoa me fez duvidar quem eu sou... mas me achei a tempo!!
beijocas
:)
Postar um comentário