Prefere tropeçar nas pernas que nas palavras. Vem de longe sorrindo.
Pés na areia. Água vem, água vai, concentra-se no vazio que fica no estômago quando ouve uma palavra não esperada.
Para muitos, é ouvir e deixar passar. Para ela, fica, cutuca, relembra de suas imperfeições.
E são tantas as inperfeições que se pergunta como usá-las da melhor forma.
Muito tempo dedicado a pessoas. Muitas tentativas de fazer o melhor irreconhecidas. Define o não adiantar das atitudes. Por mais que se confunda, ainda não entende como os outros podem seguir vivendo nas suas egoístas solidões.
Não à toa nasceu um tanto artista. Imperfeições compreendidas e transmutadas em expressão.
Todos ouvem. Interpretam. Até julgam. Mas, de forma ou outra, amam, admiram, reconhecem.
A incapacidade de dizer não ainda vai levá-la a lugares tão sombrios que jamais voltará a se enxergar. E talvez seja esse seu objetivo, consumir-se na própria sombra. Parar de pedir explicações. Desistir dos por quês, mesmo que lhe pareçam vitais.
Tomar seu sorriso como seu cumprimentar. E distribuir-lhes a quem deseje, sem hora marcada, mas sempre aberto e pronto a acolher.
E que fique desse jeito, sorrindo e fingindo não querer entender, até que um anjo desça e abra o livro da alma, com todos os rabiscos e as tentativas de reescrita inúteis.
Porque algumas partes da vida só podem ser escritas a caneta. Mesmo que umas por cima das outras. No fim, no mínimo, as concretudes viraram arte abstrata.
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