De repente, na madrugada de um domingo pra segunda, você fica olhando uma chuva forte cair, gostosa, molhando a rua, e pensa que sua vida andou tão rápido que em algum momento você perdeu o controle. E percebe que apesar de lhe parecer estranho, isso não é necessariamente uma coisa ruim. E lembra que gostava de tomar banho de chuva e que queria ter por perto pessoas que não tivessem medo de se molhar. E que isso era o que sonhava ter pra sempre, mas que, diferentemente de quando você planeja o que vai estar fazendo aos 30 e poucos anos, você não mais pode determinar o que vai acontecer ou não. Mas sim saber reconhecer quando as coisas estão sendo boas como imaginou ou não.
A chuva vai caindo e o cigarro na sua mão se acabando. E você lembrando do que iria acontecer, ou queria que acontecesse. E percebe que não planejar, mas viver, é a única coisa da qual você tem total controle. Escolher sair nessa chuva, sozinho ou com alguém do lado, é uma questão de momento certo. Não se molhar na chuva de hoje não significa que não haverá mais banhos de chuva. Nem que não haverá pessoas que queiram se molhar com você. Você é a mesma pessoa que acreditava que as coisas podiam e deveriam ser sempre gostosas. O tempo correu, a vida caminhou sozinha, e te colocou aqui, neste momento, olhando pras gotinhas gordas que ainda te dão a sensação de que sim, é possível sentir prazer e felicidade com momentos de minutos que não passam. Não é porque amanhã uma vida chata e cheia de regras vai te acordar, que você não pode ser o cara que ia ser feliz, que desenhou no melhor caderno de rabiscos do mundo: seu coração.
A música-tema do Indiana Jones toca ao fundo, e você pensa: é, ainda acho possível, e bem possível, que tenha muitos alguéns que pensem como eu, e essas pessoas devem estar agora nas suas janelas se perguntando aonde eu estou, que não lá, molhando a mão e dizendo, vem se molhar comigo!
Em alguns minutos, as máquinas de fazer pão vão estar em promoção em algum canal de TV, enquanto pastores vendem Jesus em outros. Os cachorros dormem no sofá, você acende mais um cigarro e segue... acreditando. E cá entre nós, é muito bom saber que a gente acredita na mesma coisa, mesmo em silêncio.
E olha, mais uma chuva passou, e nem foi a última. Quem sabe a gente se encontra na próxima.
playlistinha - momentos
- Ouça o seu silêncio
19 de maio de 2008
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