Ah, Marta. Conta pra todos o que aconteceu. Espera o vento chegar e desaba calmamente essa onda que traz nos olhos.
_ Nem pagando, jovem senhora que me destina.
Jovem senhora? Me transforma na média da humanidade e me deixa a ver navios?
_Transformastes tu a ti mesma, não me agracie com mais pagas do que as que trago no corpo. Ontem à noite, já tarde, ainda submersa em água morna, lembrei da primeira vez.
E isso me diz respeito?
_ Por que não diria?
Porque não passo de expectadora neste momento. Disse para você seguir caminho, e te acompanho ao largo. Conto o que vejo, embora você bem tente me esconder certas coisinhas. Tola. Marta, você me faz rir tanto. Como pode acreditar que eu não vejo? Nem com teus olhos fechados eu deixo de enxergar. Portanto, cala a boca de desvios e conta.
_ E desde quando escolher meus sapatos lhe dá o direito de escolher meus amores?
Desde sempre. E apesar de ter o direito, nunca os escolhi por ti. Antes tivesse. Muito menos drama, muito menos água e muito menos dinheiro gasto.
_ Não nega as origens, te preocupam os valores.
Me preocupa teu peito, teu corpo, e os terceiros, a quem vais derrubando no meio do caminho. Já te pergutaste sobre isso? Sobre quantos caíram por ti até que caíste por fim?
_ Alguns. Bem sei. Não sou santa, mas não quero ser puta. Não neste contexto.
Soubesse tu que há putas mais respeitosas que estes teus olhinhos de amêndoa.
_ Escuta aqui, vai ficar neste diz-que-quê? Cadê minha vida? Cadê minha história?
Tá aqui, apressadinha. Isto é só um respiro. Inspira...tá pronta?
_ Tô.
playlistinha - momentos
- Ouça o seu silêncio
7 de maio de 2008
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