playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

12 de janeiro de 2009

Ainda não consegui publicar meu primeiro post do ano.

Talvez porque ele esteja demasiadamente honesto. Mas está escrito, guardado.
Até que esteja pronto para existir publicamente, revivo um momento passado tão especial através do site da Simples?, revista tão querida. Olha o que eles publicaram no fim de semana:


Amigos,

Deixo este café onde passei páginas. Agradeço a todas as pessoas que pensam, sonham, fantasiam e transformam, sozinhas, a ficção. Aos mistérios, aos crimes bárbaros imaginários e às palavras nunca dialogadas. Saio daqui e permaneço imperceptível em meu silêncio de expressos. Abandono o tempo, os pontos de ônibus e os transeuntes esquizofrênicos que cruzaram a calçada ao lado. 

Que todos os meus pensamentos fragmentados relatem apenas alguém, ou alguéns, que passou ou passaram por aqui, deixando rastros de xícaras e pratos. Torço pelos que refletem caminhando e que, ao piscar, colorem a monotonia. Que todos vivam como pensem e ajam como queiram, sem julgamentos ou conceitos inventados. 

Que um dia em um café tenha significado de espera, de ação, de nova espera, de nova ação. Que as formigas não comam todo o açúcar do mundo e que os esperançosos ganhem ensaios enaltecedores.  

Se algo renascer do que é tão sombrio, já valeu contar meus medos e sentimentos insuspeitos. Só espero que as idéias individuais sejam preservadas e que não formem movimentos regrados, datados, vazios. Por mais que você lute, sempre existirão séculos em que as palavras eram mais bonitas. Lembre-se dos minutos em que as emoções lhe sufocaram e das festas-supresa organizadas pelos melhores amigos. 

Às vezes, ouvir a mesa ao lado é mais valioso do que dizer algo. E, se você não tiver nada para escrever, grave suas falas enquanto dorme. Ainda sugiro um bom café e um croissant de ricota. Não esqueça de pagar a conta! 


A propósito, nem disse meu nome..



Parte integrante do livro “Resoluções” de 
Ademir Corrêa e Lidia Paula Sahagoff, publicado pela Editora Finaflor em uma noite de chuva, com os escritores vestidos de coelho de festa de criança pobre. 

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