Ia descendo a rua, pensando no som do nada. Ia respirando o vento da noite, como se eu tivesse sido privada dela por anos. Ele passa por mim, cabelos compridos, lisos, camiseta vermelha desbotada, calça de moleton azul-marinho e chinelo de dedo. E barba, sim.
Olhei por dois segundos. Passou. E segui a descida certa daquilo: Jesus passou por mim!
nem me pediu esmola, como acredita o melhor amigo, nem deu uma gargalhada na minha cara, como insiste em afirmar a amiga.
Apenas passou, como quem diz: só pra tu saber, ando por aí.
Depois que Juliana viu o Bin Laden dirigindo um Fiat 147 na radial, por que exatamente eu duvidaria do que vi?
E se o Filho do pândego resolveu cruzar o meu caminho, naquele dia principalmente, deve ter sido apenas para me fazer ter a sensação de que Vai ficar tudo bem. Não fosse isso, ele teria me pedido a tal esmola, pra me testar.
Será Je? Bem sabes tu que nunca te dei muito crédito. Não que não mereças, te conheço tão pouco, não posso te julgar, mas a verdade é que sempre preferi ir direto a quem manda.
Enfim, sendo ou não sendo tu naquele dia, me fez pensar.
Hoje, indo pro consultório onde receberia a sentença anual, vi aquela senhora que mora no ponto de ônibus da Caio Prado. E entre todos os pensamentos que me tomam sempre que deparo com algo assim, me foi mais forte questionar todo amor que se dá e que não é recebido, e que fica alí, sem função, por simples desistência.
Ando vazia de tudo. E é justamente esse vazio que me preenche.
a 'águamá" ainda tá aqui, e acho que vai lavar o que tenho por dentro.
E por mais "águamá" que tenha, sinto... e muito.
2 comentários:
eu não acho que ele pediria esmolas, nem que daria risada. acho que ele seria bem nonchalant, assim como na tua estória.
beijoca
jeses! como eu quero que este homem me respeite?
Postar um comentário