playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

1 de outubro de 2007

Vou dormir no chão para ver se o desconforto substitui esse buraco no meio do estômago que me faz querer vomitar.
Mas adoro deitar no chão.
Não vai funcionar.
Melhor vomitar. Pôr pra fora a incompreensão de atitudesinexplicáveis de pessoasinexplicáveis.

Vamos à acusação: não há acusação concreta.
Você sequer ouve, não importa a verdade. Importa que você quer que a sua impressão seja a verdade.
Você condena e não revoga. Agride, agride de tal forma, que para uma pessoa comum, dessas que têm sensibilidade, seria praticamente uma auto-agressão.
O réu pede pra ser ouvido. Você não quer ouvir. Porque é mais confortável acreditar no que pensa ser a verdade. Neste ponto, voltamos a 1450 d.C., período medieval, e resolvemos o assunto às garrafadas.
Meia dúzia de vidros no chão, alguns litros de vinho desperdiçado, olhamos um para o outro e vem a questão: Por que mesmo fizemos isso?

Não sabemos. E aí está o grande ponto.
Alguma coisa acontece que nem mesmo eu, sempre disposta a explicar o sexo dos anjos, consigo decifrar. Neste momento me vem Caetano na voz de Bethânia: "Por isso uma força me leva a cantar...".
Mas que força é essa, caramba? Que coisa é essa que me faz me importar tanto com isso tudo. Por que faz tanta diferença se você pensa bem ou pensa mal? Por que não consigo simplesmente me chatear contigo e desistir de te querer por perto.
Nem eu sei. E não sei mesmo. Mas não consigo simplesmente concluir um "não sei" básico e seguir em frente. Fico procurando a ponta do novelo. E desenrolo e volto a enrolar umas 300 vezes. Nada de ponta... "Por isso essa força estranha", segue a Bethânia lá no fundo.

A pior parte é não conseguir dar nome aos bois.
Não sei, e nem posso, uma vez que não sei, nomear o que sinto.
Já tentei, e não seria difícil assumir qualquer que fosse o sentimento. Desse mal eu não sofro, se sinto, sinto e pronto.
Mas, but, aí entra em cena uma outra força. E essa não leva... Essa segura. É uma trava, que impede de tudo ser claro como água.
Às vezes, tenho quase certeza de que essa força contrária aí é o tal do "medo".
E não é o mesmo medo do outro. O meu medo é reação. Pois, se toda vez que vou conseguir identificar a "força da Bethânia" e vem de lá uma placa enorme e vermelha de "STOP", nada mais natural que os neurônios se realinhem e criem uma realidade paralela pra me proteger. E aí, então, essa merda de medo de me abrir e receber a tal invertida aparece e acaba me fazendo dar um nó no mundo.
Daí, por instinto de sobrevivência, eu finjo, para mim e para o outro, que o que eu sinto não tem nada a ver com o que eu mostro que sinto... Ou o contrário, não me peçam pra ser mais clara. Eu sei que devia ser mais clara, e eu tento, mas isso já entrou numa roda-viva. E como aqui é a oportunidade para a ficção, vou escolher ficar com as metáforas subentendidas.

Vamos apelar pra física, no que sou péssima por acaso.
Sinais diferentes se atraem. Sinais iguais se repelem.
Somos mais e menos. Portanto, por aquele motivo lá de cima que ninguém, nem eu nem você e nem a Bethânia, entende, nos atraímos.
O que acontece é que quando nos aproximamos, alguém (e nesse caso eu acho que sou eu com certeza) assume a carga do outro, tornando-se um sinal igual... Pronto, deu merda. Instantaneamente, passamos a nos repelir. Quando me afasto um pouco, retomo a carga original e consigo perceber com clareza o que deu errado. E começa tudo novamente.

E isso se dá porque pelo medo da invertida citado lá em cima, eu às vezes danço conforme o tom que você dá. E isso é outra coisa pra tentar se entender. Porém, não agora.
Agora, o que eu realmente queria era dividir o "mais" pra lá e o "menos" pra cá, e voltar a me aproximar de ti. Sem nome nenhum. Só porque é bom.

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