playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

2 de outubro de 2007

eu cometi, tu cometeu. nós cometemos

O menino esqueceu de dizer que não queria mais brincar. Juntou seus brinquedos e foi embora. Bastava dizer: cansei, não quero mais. E a menina de trancinhas sentada na areia saberia que era hora de jantar.

As novelas e seus finais felizes. Tão perfeitos que a gente se nega a acreditar que são inventados.
E tomado pela aura musical de um final de novela, meu monitor, que há meses estava azul, retomou suas cores normais. Milagre? Talvez energia se movimentando pela sala.

Mas voltando à dramaturgia mentirosa, é impressionante como se consegue recuperar qualquer situação no folhetim. As pessoas brigam, se ofendem, se equivocam. E se por algum motivo se arrependem, voltam, de alma limpa, e despejam suas verdades umas nas outras. Quase sempre encontram um ser aberto a ser feliz e considerar os bons sentimentos... Doce mais doce que o mais enjoativo dos doces.

Já na vida, esta real de todo dia, cometemos erros iguais e piores que os tais personagens novelísticos. Porém, nem sempre damo-nos conta dos prejuízos, cometidos contra os outros e nós mesmos.

E alguém sabe por que razão dizemos coisas duras para pessoas que gostamos? Eu não sei.

Faço o mea culpa e percebo que de algum tempo pra cá tenho sido dura demais comigo mesma. Se alguém que gosto muito me machuca, vou lá e ME machuco mais um pouquinho. Como se não tivesse sido suficiente.
Da mesma forma, desconfio que tenho sido intolerante por vezes. Sabe-se lá por qual razão. Mas tenho sido uma pessoa diferente de mim mesma ao lidar com a dureza dos outros.

Não suporto ser acusada do que não faço, e não percebi que ando acusando demais também.

E quando percebo a troca de insultos tão desnecessários, me pergunto o por quê?

Acho que é hora de admitir e ter a decência de pedirmos desculpa.

Percebi o momento, e peço desculpas apenas por não ter conseguido mostrar que respeitava. O disco tocou ao contrário.

Não era essa a história que tinha que ser escrita. E os bons momentos são achatados por um ou dois versos maldosos trocados, ora por raiva, ora por dor, ora por simples saco cheio.

Posso falar por mim, que mesmo magoada, admito ter ido longe demais e em vez de dizer "você me machucou", tentei compreender pra salvar qualquer coisa que não era coisa nenhuma.

Não era o que eu queria dizer...nem o que queria ouvir.
Está feito e não tem volta. E isso talvez não venha mais ao caso...
Desejo dias melhores e palavras melhores, mesmo que elas nunca cheguem ao destinatário.

E é pena que percamos. De lá e de cá. Sem motivo algum que não a incapacidade de ficar quieto.

Alguma linha invisível foi ultrapassada.

Nos desculpemos, então, por passarmos por cima de uma história simpática, risonha e leve que estava sendo escrita, e que em algum momento nossas crianças internas resolveram pegar suas canetinhas hidrocor e rabiscar por tudo.

Hidrocor não pode ser apagada. Mas as folhas rabiscadas podem ser amassadas e sempre pode-se pegar outra para reescrever. Vou guardar as páginas que se salvaram...


Boa sorte, good luck, como diz a música...

So, so tired to fight

Um comentário:

Anônimo disse...

impressonante, L...