playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

27 de julho de 2007

Riso mal dado, palavra mal colocada, e o espaço de um telefonema desencanado te coloca na lista mais negra.
O sorriso era terno e foi tido como malícia. A resposta atravessada não demorou nada e iniciava-se o fim. Fim de coisa nenhuma, mas coisa nenhuma que tinha um cheiro gostoso e sabor de abraço.
Já muito mal acostumada a esse sabor de abraço há semanas, quase meses, não acreditei no meu suicídio. Carreguei a arma, mirei bem no peito e bang. Estraçalhei a alma de quem tinha percorrido um caminho construído pedra por pedra com persistência e olhos e ouvidos fechados: eu mesma.
Depois daí, um empilhamento de desencontros verbais. Ninguém se ouvia. A dor veio à tona e mais uma falha crucial - um jogar na cara maldades cometidas. Pronto, se faltava alguma coisa para te jogar fora, eu acabara de fechar o saco e dar dois nós. Noite dura, ainda trouxe um respiro de consideração. Que eu fiz questão de destruir no dia seguinte, com mais uma tentativa de reverso. Maldita insistência que te leva embora.
Tudo foi torto, desde lá no início (mentira, o começo foi bonitinho, adimita). Ainda sim, aqui deste lado, era quase mágico. Palavras pequenininhas, provavelmente saídas daí sem a menor percepção, chegavam como flauta doce. Tola. Tola. Absolutamente tola. Achei que dava.
Mas não achei de graça. Por certo que sabias para que caminho me conduzias quando pegava a minha mão e me levava através dos teus sorrisos. Delicadezas e provocações bem colocadas, na medida para dar e tirar o aperto do peito.
Nunca interpretei tão bem o papel de louca como alí. Verbografando um texto que nem se parecia comigo, segundo amigo muito próximo e ciente.
Friamente, te leio proclamar o veredito: culpada. Eu, é claro. Você jamais adimitiria sê-lo.
O meu veredito? Duas culpadas. Duas verdades. Duas mentiras. Duas línguas. Duas possibilidades. Mas, desta vez, como em muitas outras, a manteiga caiu pra baixo. Na minha frente, nos meus pés.
E eu chorei, com olhos de filhote que vê o leite do outro lado da cerca.
Tudo perdido. E tudo, no caso, era nada. Mas ainda sou mais o meu nada que o seu tudo.
Te acompanhei o tempinho todo atenta, alegre e fingindo que não te via rir de mim.
O teu ir e vir acabou por me arrebatar. É, sou atraída pelas coisas pseudo-boas.
Meu cérebro ignorava todos os "nãos". E como um "não sempre vinha seguido de um "sim", fiquei zonza. Cambaleando entre o não e o talvez.
É justo sair de cena pela vírgula? Ainda te pergunto. Mas já não estás mais lá para responder. Podia ter sido bom, e era. Podia ter sido médio, e era. Só não podia não ter sido. E não está sendo.
Será?
Tua vez...

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