playlistinha - momentos

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5 de maio de 2009

I suposed to be _ _ _ _ _ , but I'm not.

As luzes daqui da sala estiveram apagadas o dia inteiro. Eu tenho desejado por isso há muito. Detesto lâmpadas corporativas como se fossem bifes de fígado. Meus olhos ardem, vejo pontinhos pretos a partir das 3 da tarde e confesso, o escuro me atrai. Me deixa menos qualquer coisa ruim que eu esteja sentindo.
Concluí que não sou nada. E na categoria de nada, posso voltar a querer ser tudo, exatamente como quando tinha uns 12 anos. Fui fazer aula de teatro no colégio, e foi lá que me apaixonei pelo escuro (sem sacanagem).
Ficava sentada horas na platéia vazia. Sentindo o cheiro do chão e das paredes. Sim, teatros têm cheiros específicos. Cheiros de histórias. Cheiros de transformações. E às vezes, cheiros de gente perfumada que passou por ali também.
Sempre me encantou que cada espetáculo, logo que começava, exalava um perfume próprio, que vinha diretamente do palco.
Vários diferentes, mas em algum momento, todos se pareciam. Viraram minha referência de fantasia.
E mesmo que durante os 10 anos seguintes aquela fantasia fosse minha plena realidade, a de ser várias coisas ao mesmo tempo, ainda confundo as duas coisas.
É a atmosfera que me comove, e me ganha sobre qualquer coisa na vida.
Estar ali, na platéia, no palco, na cabine ou onde ninguém sabe, muda minha perspectiva. Enche imediatamente o meu peito de bolhas de sabão. 
Lembrei disso pelo escuro. Que ganhou essa colorida referência na minha vida. Diz minha mãe que desde sempre gostei dele.
Assim como chuva, dia nublado, noite, fim de semana, viagens e metrô. Onde todos parecem se transformar na mesma coisa: nada muito específico. 
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