Uso montanhas-russas para existir.
Às vezes, numa volta mais distraída, vomito. Dolorido e agradável perceber-se ser humana.
E leio no blog amigo no fim da noite de feriado (embora eu estivesse trabalhando, ainda assim era feriado) desencadeamentos de lágrimas. Escorreram gentilmente por essa bochecha tão acostumada a franzir-se em sorrisos. Eu consigo ver a borboleta, Cris. Mesmo que ainda não enxergue o amarelo. Choro essa dor de ter a alma manchada de graça. Mas é como ouvi na hora e meia em que aspiravam o carro: pessoas de verdade se sujam às vezes. Tá, fui de verdade, senti e demonstrei que sentia. Deixo o imaculada para Maria. Foi-se, putaquepariu.
Olha lá a borboleta.
De que cor?
Ainda não sei. Mas é uma borboleta
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disse ela:
"Passamos horas da manhã em um posto de gasolina, esperando o carro ser limpo e a vida ter mais coerência. Não muita, apenas o suficiente para que o nosso pequeno mundo faça sentido. Um sentidozinho de nada, é pedir muito? Nunca sabemos se foi certo,se foi errado. Foi, enfim. Fazemos o que é possível, compreender - e aceitar - isto é uma das partes mais dolorosas de sair do casulo e assumir, cresci. Pois fizeste o que dava. E não foi o que tu queria, graças a Deus, que pavor seria uma pessoa imaculada e perfeita tão perto de mim. O que os outros pensam disso é problema dos outros. O que tu pensa disso é problema nosso. Nada está sujo, violado. É apenas real. E o real tem pó, estria, espinha, calo, unha mal pintada, quadros tortos, paredes descansacando, geladeira pingando no chão da cozinha, pilha de roupas sujas fedendo dentro do tanque. O real é palpável, dói pra caralho e não tem pena de ninguém. Sei como tu te sente e só posso dizer: vai passar. Este véu vai cair e vais voltar a enxergar. Primeiro as borboletas, depois o detalhe amarelo das grandes asas das mesmas. E então, vais voltar a sentir por ti o que eu e ele sentimos: orgulho. E amor. Boa sorte, LP."
playlistinha - momentos
- Ouça o seu silêncio
22 de abril de 2008
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