playlistinha - momentos

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19 de novembro de 2007

só a queda salva

O mundo de Maysa caiu.
E depois dela, mundos sem fim caem todos os dias.
Caiu o mundo da menina dos cabelos cacheados e lábios molhados sempre prontos a dar uma gargalhada. E quando ele veio abaixo, ela chorou sorrindo... E chorou, e chorou. E ele veio abaixo novamente, e ela sorriu chorando.
Caiu o mundo da pessoa bom-senso, dura consigo mesmo. E quando caiu, trouxe toda a falta de senso que às vezes é necessária para sobreviver.
Despencou o mundo do homem-menino, sempre impávido. E ainda caindo aos pedaços, revelou o quanto é perfeito ser frágil para sí mesmo.
Sentada na beira desse abismo que somos todos nós, olho pro cinza-chumbo do céu e peço para que venha a queda. Esse mundo que está prestes a cair
é pesado suficiente para não deixar sobrar nenhuma pedra capaz de incomodar sapatos.
Aquele mundo que desceu rolando antes não podia prever tamanha ironia. Não sonhava ser um ensaio para a grande queda.
Menos infelizes os que conseguem ver seus mundos caindo.
Esperar por uma queda iminente é tortura assustadora.

Pois que ele caia atravessando a rua.
Que ele caia entre um gole e outro, ao olhar para o lado e ver a sombra da confirmação caminhando em direção oposta. Endosso de que teu mundo não passa de uma obra de arte lindamente produzida para fingir ser feliz.
O homem-menino diz que tudo é escolha. Eu escolho ficar até que ele caia ao prantos.
Estranho é perceber que a dor é a única capaz de libertar.

Conta-gotas de amor mata pensando que é bom.
Não vale condicionar nosso mundo a uma gota. Gotas não nos permitem boiar.
E amor em paz é como uma tarde boiando no sol. Amor precisa de inundação.
E vem Maysa finalizando...
"Não fui eu que caí
Sei que você entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar"

Às vezes, ela luta, luta, luta. E uma hora, no meio da briga, olha para o lado e percebe que não sabe mais nem porque está lutando.
E ela larga as armas no chão e vai embora caminhando. É quando deu tudo de si e de tão nobre que era, se tornou vã.

Ainda não foi agora. Mas ela aguarda.

Um comentário:

Anônimo disse...

E ai a pessoa entra no blog e já nas primeiras linhas pensa: vou chorar. merda.
ai, lê até o fim, lê de novo, pensa: somos nós. vou chorar. merda.
ai, clica no comentários, tenta escrever/dizer alguma coisa inteligente, pensa: vou chorar. somos nós. gente. nós somos ótimos. merda. nada a declarar.
e ai, diz: te amo.
nós somos ótimos.
e quando caimos, o cabelo segue lindo.
Cristiane, a lisbôa