playlistinha - momentos

  • Ouça o seu silêncio

30 de novembro de 2007

coração pode ser apenas uma iguaria servida no espeto - ou - as coisas são o que são, tá tudo certo

De repente, você percebe que sua importância é menor que a de um omelete.
Não vem ao caso. Mas dói.
Não adianta querer entender. Você não vai. Porque não vão te permitir.
E quem te disse que tens direito a alguma coisa, menininha. Acorda!
E foi assim, e é assim. Se você cansar de brincar, levante-se e vá embora. Não importa se há outra pessoa à sua frente.
Essa poderia ser a lição número 29 do manual "Como Desprezar Qualquer coisa que Não te Importe".
Mas não é.
Isso é simplesmente o modo como você jamais deveria esperar ser tratado por quem um dia te disse: "Gosto tanto de ti". (ou talvez seja o que todos nós deveríamos fazer, se assim sentirmos)
Mas acreditar em tudo que se ouve é coisa de criança de 5 anos. Tudo bem, ano que vem, completo 6.

Vozz (nome dado carinhosamente ao amigo que sempre me diz as coisas mais duras e sinceras - duras por serem sinceras e sinceras por serem duras, enfim) me diz: Ninguém tem importância para ninguém, porque entre você e eu, antes venho eu.
Sábias palavras, Vozz.
Eu: Tá. (desculpem-me, neste momento não consegui dizer mais nada. Vozz sempre me derruba)


Levantei daquela mesa - depois de ter ficado olhando aqueles olhos que já tanto eu havia admirado em outras situações, mas que desta vez espelhavam um outro tom, quase incomodados por terem de me olhar - me sentindo ao mesmo tempo em pedaços e liberta. Eu também sofria. Eu também estava desconfortável. Mas eu estava ali, disposta a viver. Tentei me permitir viver uma coisa que nem eu conhecia, simplesmente por acreditar que valia a pena. Mas também não consegui. Vale a pena se apaixonar, vale a pena gostar, vale a pena viver isso, dure o que durar. O que não vale é acharmos que estamos vivendo algo que nem nos demos o trabalho de nos permitir viver.
E foi isso. E é isso.
E é quando se percebe que se esteve sozinho o tempo todo.
A proposta era em dupla, mas a dupla se protegeu tanto de si mesma que sequer aproveitou o pouco de carinho que deixava escapar.

Das piores coisas, não poder contar as vezes que lembrar de você ao ver algo na rua talvez seja a mais triste.
Sentir o perfume trazido por uma brisa no meio da tarde e não poder ligar e ouvir a voz.
Coisas primárias que se sente quando se tem alguém no coração.
Lembrar das coisas que se viveu, ainda que poucas, não nos protege de sentir saudade das tantas outras que não tiveram oportunidade de acontecer.
O telefone não vai mais tocar pela manhã com um bom dia, ora risonho ora sério. O celular não vai mais apitar no meio da noite ou em momentos inesperados com uma mensagem que traga um sorriso imediato aos lábios.
Não vou mais te ouvir rir no meio da madrugada, ao telefone. Diga-se de passagem, boas risadas.

E o porquê disso é simples: me convencestes de que onde achei que havia algo não existia nada.

Choro engolido, uso o diafragma para respirar e levantar. Decida esquecer, me digo eu mesma.
É sobrenatural para pessoas como eu esquecer coisas mal resolvidas.
Não estou no mundo para adquirir Karma. Não sigo caminhando simplesmente ao deixar coisas não ditas para trás.
Desta vez, a exceção, talvez não haja nada para ser dito.

A força com que o maxilar cerrado pressiona o peito determina:
Me guardo agora, dentro da menor caixinha de fósforos que encontrar. E quem sabe eu aprendo com você a não me importar com o que não tem importância.

Depois de passar pelos espinhos, a descoberta: o cactus não tinha água.

A história foi linda, e apesar de você, te guardo.

Enfim, nada disso importa. Aviões continuarão caindo. As calotas polares continuam derretendo, e os pingüins manchados de óleo se abraçam.

Ogunhê, meu pai. LUZ!

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