De repente, você percebe que sua importância é menor que a de um omelete.
Não vem ao caso. Mas dói.
Não adianta querer entender. Você não vai. Porque não vão te permitir.
E quem te disse que tens direito a alguma coisa, menininha. Acorda!
E foi assim, e é assim. Se você cansar de brincar, levante-se e vá embora. Não importa se há outra pessoa à sua frente.
Essa poderia ser a lição número 29 do manual "Como Desprezar Qualquer coisa que Não te Importe".
Mas não é.
Isso é simplesmente o modo como você jamais deveria esperar ser tratado por quem um dia te disse: "Gosto tanto de ti". (ou talvez seja o que todos nós deveríamos fazer, se assim sentirmos)
Mas acreditar em tudo que se ouve é coisa de criança de 5 anos. Tudo bem, ano que vem, completo 6.
Vozz (nome dado carinhosamente ao amigo que sempre me diz as coisas mais duras e sinceras - duras por serem sinceras e sinceras por serem duras, enfim) me diz: Ninguém tem importância para ninguém, porque entre você e eu, antes venho eu.
Sábias palavras, Vozz.
Eu: Tá. (desculpem-me, neste momento não consegui dizer mais nada. Vozz sempre me derruba)
Levantei daquela mesa - depois de ter ficado olhando aqueles olhos que já tanto eu havia admirado em outras situações, mas que desta vez espelhavam um outro tom, quase incomodados por terem de me olhar - me sentindo ao mesmo tempo em pedaços e liberta. Eu também sofria. Eu também estava desconfortável. Mas eu estava ali, disposta a viver. Tentei me permitir viver uma coisa que nem eu conhecia, simplesmente por acreditar que valia a pena. Mas também não consegui. Vale a pena se apaixonar, vale a pena gostar, vale a pena viver isso, dure o que durar. O que não vale é acharmos que estamos vivendo algo que nem nos demos o trabalho de nos permitir viver.
E foi isso. E é isso.
E é quando se percebe que se esteve sozinho o tempo todo.
A proposta era em dupla, mas a dupla se protegeu tanto de si mesma que sequer aproveitou o pouco de carinho que deixava escapar.
Das piores coisas, não poder contar as vezes que lembrar de você ao ver algo na rua talvez seja a mais triste.
Sentir o perfume trazido por uma brisa no meio da tarde e não poder ligar e ouvir a voz.
Coisas primárias que se sente quando se tem alguém no coração.
Lembrar das coisas que se viveu, ainda que poucas, não nos protege de sentir saudade das tantas outras que não tiveram oportunidade de acontecer.
O telefone não vai mais tocar pela manhã com um bom dia, ora risonho ora sério. O celular não vai mais apitar no meio da noite ou em momentos inesperados com uma mensagem que traga um sorriso imediato aos lábios.
Não vou mais te ouvir rir no meio da madrugada, ao telefone. Diga-se de passagem, boas risadas.
E o porquê disso é simples: me convencestes de que onde achei que havia algo não existia nada.
Choro engolido, uso o diafragma para respirar e levantar. Decida esquecer, me digo eu mesma.
É sobrenatural para pessoas como eu esquecer coisas mal resolvidas.
Não estou no mundo para adquirir Karma. Não sigo caminhando simplesmente ao deixar coisas não ditas para trás.
Desta vez, a exceção, talvez não haja nada para ser dito.
A força com que o maxilar cerrado pressiona o peito determina:
Me guardo agora, dentro da menor caixinha de fósforos que encontrar. E quem sabe eu aprendo com você a não me importar com o que não tem importância.
Depois de passar pelos espinhos, a descoberta: o cactus não tinha água.
A história foi linda, e apesar de você, te guardo.
Enfim, nada disso importa. Aviões continuarão caindo. As calotas polares continuam derretendo, e os pingüins manchados de óleo se abraçam.
Ogunhê, meu pai. LUZ!
playlistinha - momentos
- Ouça o seu silêncio
30 de novembro de 2007
coração pode ser apenas uma iguaria servida no espeto - ou - as coisas são o que são, tá tudo certo
29 de novembro de 2007
ele já disse...
"Quando é mais penoso compreender tudo, tomar consciência de todas as impossibilidades, de todos os muros de pedra; porém não se humilhar diante de nenhuma dessas impossibilidades, diante de nenhuma dessas muralhas se isso te repugna, chegar, seguindo as deduções lógicas mais inelutáveis, às conclusões mais desesperadoras, no tocante a esse tema eterno de tua parte de responsabilidade nessa muralha de pedra, se bem que esteja claro até a evidência que tu não estás aqui para nada, e em conseqüência mergulhares silenciosamente, mas rangendo deliciosamente os dentes, na tua inércia, pensando que não podes mesmo te revoltar contra seja o que for, porque não há ninguém em suma, porque isto não é senão uma farsa, senão uma falcatrua, porque é uma trapalhada, não se sabe o quê nem se sabe quem, porém que, malgrado todas essas velhacadas, malgrado essa ignorância, tu sofres, e tanto mais quanto menos compreendes."
Dostoiévski
19 de novembro de 2007
só a queda salva
O mundo de Maysa caiu.
E depois dela, mundos sem fim caem todos os dias.
Caiu o mundo da menina dos cabelos cacheados e lábios molhados sempre prontos a dar uma gargalhada. E quando ele veio abaixo, ela chorou sorrindo... E chorou, e chorou. E ele veio abaixo novamente, e ela sorriu chorando.
Caiu o mundo da pessoa bom-senso, dura consigo mesmo. E quando caiu, trouxe toda a falta de senso que às vezes é necessária para sobreviver.
Despencou o mundo do homem-menino, sempre impávido. E ainda caindo aos pedaços, revelou o quanto é perfeito ser frágil para sí mesmo.
Sentada na beira desse abismo que somos todos nós, olho pro cinza-chumbo do céu e peço para que venha a queda. Esse mundo que está prestes a cair
é pesado suficiente para não deixar sobrar nenhuma pedra capaz de incomodar sapatos.
Aquele mundo que desceu rolando antes não podia prever tamanha ironia. Não sonhava ser um ensaio para a grande queda.
Menos infelizes os que conseguem ver seus mundos caindo.
Esperar por uma queda iminente é tortura assustadora.
Pois que ele caia atravessando a rua.
Que ele caia entre um gole e outro, ao olhar para o lado e ver a sombra da confirmação caminhando em direção oposta. Endosso de que teu mundo não passa de uma obra de arte lindamente produzida para fingir ser feliz.
O homem-menino diz que tudo é escolha. Eu escolho ficar até que ele caia ao prantos.
Estranho é perceber que a dor é a única capaz de libertar.
Conta-gotas de amor mata pensando que é bom.
Não vale condicionar nosso mundo a uma gota. Gotas não nos permitem boiar.
E amor em paz é como uma tarde boiando no sol. Amor precisa de inundação.
E vem Maysa finalizando...
"Não fui eu que caí
Sei que você entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar"
Às vezes, ela luta, luta, luta. E uma hora, no meio da briga, olha para o lado e percebe que não sabe mais nem porque está lutando.
E ela larga as armas no chão e vai embora caminhando. É quando deu tudo de si e de tão nobre que era, se tornou vã.
Ainda não foi agora. Mas ela aguarda.
14 de novembro de 2007
aos soteropolitanos de passagem
Uma vez acompanhados de pessoas pares, nunca se estará sozinho. Seja aqui, ou em milhões de voltas ao mundo. O ponto zero sempre será o ponto zero, redondinho como um abraço de amigo, que vai estar sempre pronto para a volta.
As pessoas pares não caminham sem um ombro, sem uma bússola. Se oriente... pela constelação... e ouça lá no fundo, a musiquinha que sempre te acompanhou, pra chorar com trilha: oferecimento especial de Pingolino e Valentina.
Eu desço dessa solidão
Espalho coisas sobre
Um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes...
Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom...
Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Prá sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de \"boy\"
That's over, baby!
Freud explica...
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular...
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais estou indo embora!
No mais!...
6 de novembro de 2007
numa bulinha de papel amassada no cantinho da mesa se lia:
Um dia, você acorda e alguma coisa está diferente.
Você sabe o que mudou, mas não por quê mudou. E percebe que nem é bom querer saber.
Só sente que há algo tão bom no ar, que dá até medo de respirar muito fundo e isso se perder.
Ando sonhando. A 1100 quilômetros de distância de ti. E foi você que me fez dormir. Que me pegou no colo um dia e decidiu me embalar, mexer no meu cabelo e
cantar uma musiquinha suave olhando pra mim. Como nunca olhou, ou como nunca quis que eu soubesse que olhava.
Tenho medo de voltar e acordar. Mas também quero acordar e descobrir que o sonho não era só de olhos fechados, à distância.
Seis imagens inesquecíveis. Seis frases arrebatadoras. Seis pequenos gestos que significam muito. Seis momentos que fazem parte dessa historinha, que até agora, eu pensava escrever sozinha.
Descobri que, seja de que forma for, eu existo um pouquinho aí, assim como você tem existido um montinho aqui.
Chorei, sorri, perdi a respiração, suspirei, lembrei, desejei, mas mais que tudo, me encantei com a tua doçura, guardada a sete chaves, talvez justamente por saber ser tão doce.
E já que essa portinha foi aberta, mesmo que eu ainda não entenda o porquê. E já que me permitiu ver, ouvir, sentir. E já que... Paralizo palavras e atos torcendo para ninguém acender as luzes.
Hoje, meus silêncios falam mais que minhas palavras. Já falei demais. Só sei dizer que esse poder de me surpreender é little deli como você.
Ainda não sei exatamente o que significa o teu "No matter how long it lasts", mas desejo que não seja um boa noite sem bom dia.
Let`s go. Passar pelo espinho torna a água mais preciosa. E eu to aqui pra me molhar.
Cada dia uma gotinha. Garante vida longa ao nosso cactus. Desejo que ele cresça, forte e que fique.
Thanks for came, thanks for smiling with me, thanks for making me cry and making me laugh. It`s so beautiful see you remember.
And no matter how, it is. For us.
Somos pinguim, somos golfinho. E hoje em dia...
Kiss slumber.
4 de novembro de 2007
Trinta anos comendo pizza, e hoje descobri uma coisa que estava tão óbvia. Eu não gosto de PIZZA!
De repente, com o sol na cara, no final de uma tarde de domingo, me veio a revelação.
Inocentemente, eu comentava sobre a pizza da noite anterior e me veio aquela sensação de insatisfação, tristeza e sei lá mais o quê que me fez sentir mal.
Deprê total e a constatação de que, de fato, eu odeio pizza. Só pode ser isso, porque, de repente, senti tudo o que eu sempre senti toda vez que pedi uma.
Coisa mais ingrata.
Pois bem, devo fazer parte de mais uma minoria.
Só sei que por mais que eu ache que eu gosto da tal redondinha, sempre que estou presente no mesmo recinto que a dita, me sinto muito, muito estranha.
Será que a minha energia e a da pizza não combinam? Será kármico? Tenho a impressão que ela carrega tudo nas costas. Talvez eu precise ir mais fundo na
investigação e descobrir exatamente quais sabores me atingem. Já percebi que 4 queijos definitivamente deve ser meu complementar mórbido.
Só de pensar, chego a considerar suicídio um ato de amor.
Na verdade, acho que o processo desencadeado pela pizza no meu ser é o de decepção. Eu sempre espero muito mais da palavra pizza do que simplesmente uma massinha fina com molho, queijo e qualquer outro anexo.
Já repararam que quando alguém diz: "vou pedir uma pizza!", parece que declarou que vai salvar o mundo?
Aí é que tá. Devo ter sempre esperado a tal salvação do universo e no lugar disso, vinha a maldita.
ë bem provável que eu continue comendo pizza, até porque, algumas são realmente boas. Mas pelo menos agora sei que tipo de relação eu tenho com elas.
2 de novembro de 2007
Manifesto do "cuidado com o que pedes, pois podes conseguir" (leia em tom de protesto)
"O seu corpo é dos errantes, dos cegos, dos retirantes e de quem não tem mais nada...
...Ela é um poço de bondade, e é por isso que a cidade vive sempre a repetir:
Joga pedra na Geni, joga pedra na Geni. Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir."
Está aberta a temporada do auto-desrespeito!
Libertemos nossas Genis. Ela vive em nós, a escondemos por uma moralidade sustentada a regras inadaptadas ao coração.
Mas coração é músculo, que vai e vem. Adapte-se, rapte-me, ó camaleão. Assuma a cor desse dinossauro em sua garganta e engula, com prazer.
Não sofra por ser feliz apenas um pouco. Transforme seu pouco no todo que merece. Corra das pedras, junte-as e construa um castelo que protegerá teus desejos.
As pedras que atiram em nós protegerão nossa loucura sã. Dê para receber.
Santo Antônio é coisa do passado, de nossas vovós. A ordem agora é louvar Santa Geni.
Comporte-se como ela uma única vez em sua vida e estarás fadado a carrega-la em seu código, em seu RG, em seu coração.
Não se arrependa, pois não há volta. Os genes serão GenIs de agora em diante. Prostituidamente amados no mais puro DNA de solidão.
Sigam-me os puros e impuros. Os que se submetem a seus sintomas de amor.
Salve!