Riso mal dado, palavra mal colocada, e o espaço de um telefonema desencanado te coloca na lista mais negra.
O sorriso era terno e foi tido como malícia. A resposta atravessada não demorou nada e iniciava-se o fim. Fim de coisa nenhuma, mas coisa nenhuma que tinha um cheiro gostoso e sabor de abraço.
Já muito mal acostumada a esse sabor de abraço há semanas, quase meses, não acreditei no meu suicídio. Carreguei a arma, mirei bem no peito e bang. Estraçalhei a alma de quem tinha percorrido um caminho construído pedra por pedra com persistência e olhos e ouvidos fechados: eu mesma.
Depois daí, um empilhamento de desencontros verbais. Ninguém se ouvia. A dor veio à tona e mais uma falha crucial - um jogar na cara maldades cometidas. Pronto, se faltava alguma coisa para te jogar fora, eu acabara de fechar o saco e dar dois nós. Noite dura, ainda trouxe um respiro de consideração. Que eu fiz questão de destruir no dia seguinte, com mais uma tentativa de reverso. Maldita insistência que te leva embora.
Tudo foi torto, desde lá no início (mentira, o começo foi bonitinho, adimita). Ainda sim, aqui deste lado, era quase mágico. Palavras pequenininhas, provavelmente saídas daí sem a menor percepção, chegavam como flauta doce. Tola. Tola. Absolutamente tola. Achei que dava.
Mas não achei de graça. Por certo que sabias para que caminho me conduzias quando pegava a minha mão e me levava através dos teus sorrisos. Delicadezas e provocações bem colocadas, na medida para dar e tirar o aperto do peito.
Nunca interpretei tão bem o papel de louca como alí. Verbografando um texto que nem se parecia comigo, segundo amigo muito próximo e ciente.
Friamente, te leio proclamar o veredito: culpada. Eu, é claro. Você jamais adimitiria sê-lo.
O meu veredito? Duas culpadas. Duas verdades. Duas mentiras. Duas línguas. Duas possibilidades. Mas, desta vez, como em muitas outras, a manteiga caiu pra baixo. Na minha frente, nos meus pés.
E eu chorei, com olhos de filhote que vê o leite do outro lado da cerca.
Tudo perdido. E tudo, no caso, era nada. Mas ainda sou mais o meu nada que o seu tudo.
Te acompanhei o tempinho todo atenta, alegre e fingindo que não te via rir de mim.
O teu ir e vir acabou por me arrebatar. É, sou atraída pelas coisas pseudo-boas.
Meu cérebro ignorava todos os "nãos". E como um "não sempre vinha seguido de um "sim", fiquei zonza. Cambaleando entre o não e o talvez.
É justo sair de cena pela vírgula? Ainda te pergunto. Mas já não estás mais lá para responder. Podia ter sido bom, e era. Podia ter sido médio, e era. Só não podia não ter sido. E não está sendo.
Será?
Tua vez...
playlistinha - momentos
- Ouça o seu silêncio
27 de julho de 2007
25 de julho de 2007
21 de julho de 2007
Na arte de ir e vir, ela é mestre.
A única coisa que eu posso fazer em determinado momento é rir. Rir de mim, por ficar ali escutando ela me dizer o quão idiota eu sou.
Abri a guarda e as asas. Saí voando e escolhi o lugar do pouso. Mas sem guarda, o bombardeio veio cortante. O primeiro golpe foi meu, de mestre devo lembrar, mas, em compensação, os outros 9 milhões e meio foram dela.
Hoje, levanto a cabeça ainda tonta: alguém anotou a placa do caminhão que passou por cima de mim?
Da bipolaridade geminiana eu já sei o suficiente para esperar ou não reações adversas. Mas bipolaridade geminiana com um toque de sadismo pisciano e uma deliciosa cereja no topo tá sendo uma agradável/desagradável descoberta.
Sou pega no colo pra levar um tapa.
Ja tenho a resposta e o texto para a segunda-feira: estupra, mas não mata, meu anjo!
13 de julho de 2007
Das obsessões por café, cheguei aqui. E hoje, lendo o cabeçalho deste blog, percebi que são muitas as coincidências cafeínicas (ou deveria dizer cafetínicas?) na minha vida.
Talvez porque eu venha da cidade dos cafés. Porto Alegre só perde pra Buenos Aires, deve ter uns 4 cafés por quadra. Um hábito cultuado pelo frio. Pela necessidade de se estar com alguém, tudo é motivo pra um "vamos tomar um café?".
Muitos amores nasceram com uma xícara de café. Muitas brigas terminaram em uma também. Acordos de separação e listas de convidados para casamento devem ter sido feitos aos montes em uma das milhares de mesinhas redondas em mosaico espalhadas pelos pequenos ambientes, geralmente em tons pastéis, que nos acolhem principalmente quando estamos sozinhos. Isso os cafés têm de bom: pode-se ir a eles sozinho e não se sentir incomodado, porque todos sabem que uma pessoa com uma xícara de café nunca está sozinha. No mínimo ela está acompanhada de pensamentos cítricos.
Inspirada pelo amparo do pretinho quente e querido, tenho o costume de relacioná-lo a intimidade, aconchego e sorrisos de canto de olho. Por tanto, nada melhor para se oferecer a alguém que se quer conquistar. E aí, vem a lenda do café. Quantos são marcados e desmarcados? Quantos se tornaram pretextos pra se olhar para os olhos daquela moça que se quer tanto? Quantos foram negados? Muitos, muitos, mas nunca deixaram de ser oferecidos. Convidar para um café é quase como convidar para um abraço. Poucos devem ser levados.
Você ainda faz parte nos cafés negados. Quem sabe uma hora dessas entre para o café lista de casamento, ou apenas o café abraço.
O café deve ser o último símbolo de união humana. Forte ou fraco, que ele nos una.
9 de julho de 2007
7 de julho de 2007
O aniversário do meu melhor amigo
Começou assim, um dia antes, na Irene. A expectativa da "passagem".
- Amiga, to pronto pra fazer a passagem.
- Ótimo, quero ir contigo...
Algumas cocas, cafés, cigarros e dois passaralhos, muito bem documentados pela câmera com etiqueta da Cris, e alí estávamos nós fazendo a passagem. Juntos, sorrindo.
Enquanto eu tossia os dois pulmões e a Cris espirrava dentro da bolsa, ele fazia de conta que não esperava nada. Foi o tempo de dois cafés e a meia noite chegou. não dava mais pra voltar... Ele passou. E passou bonito, pele boa, sentindo por dentro como é ter 30 anos. Exatamente no mesmo dia, trinta anos atrás, ainda chorava, com medo desse mundinho que não diz o que quer da gente. Os primeiros quinze eu não vi, mas de lá pra cá, acompanhei cada passo, todos eles dados em direção a uma história lacrimosa e sorridente. Fez muitos, senão todos, felizes. Abriu-se para o mundo mesmo quando o mundo fechava as portas. O meu melhor amigo tem chave-mestra da vida. Cresceu brigando, e hoje me faz sentir grandiosamente importante por existir.
Ele sempre caminhou pra frente, poucas vezes olhou pra trás, não que não pudesse, não precisava. A ficha é limpa, e a alma também. O coração carrega um peso indispensável a quem é um grande homem. Sim, ele é um homem. Mesmo que o sorriso e as lorotas denunciem um menino. Eu me orgulho, de tudo. E tudo, nesse caso, significa muito.
Quero ser você quando eu crescer... Parabéns! Te amo.
3 de julho de 2007
Você está nas paredes. Cor e marcas.
E agora no espaço vazio. Cheio de perguntas.
Já não vai mais haver nenhum café sem ti, mesmo que nunca tenhas estado em algum.
A TV sem as cores se encarregará de representar lembranças. Pretas, mas mais brancas.
Aquele buraco ali, esse vai ficar, pra que eu possa desviar todos os dias e treinar minha precaução.
Esses dois que correm, choram e me amam te amam e choram também. Mas não têm pra onde correr.
As duas você que me olham de cima do móvel não sabem pra onde estão olhando. Elas sorriem um sorriso cheio de esperança e não notaram o coração vazio.
A dor que insististe em fingir que não sentia ficou ali, na porta, esperando pra sair. Eu passo por ela quando chego e quando saio, e ela nem se mexe. Me ignora. Ela me diz que não é minha. É tua. A minha anda comigo, abraçada à minha cintura. Às vezes acho que a perco por instantes quando ando mais rápido pela rua. Mas ela me alcança.
Não quer me largar.
Minha dor me ama mais que você.