Quando eu era pequena (se é que um dia fui), ficava olhando o céu por horas sentindo o vento que vinha do mar pra janela do meu quarto. Era bem comum pular a janela e sentir a areia fininha gelada com os pés descalços até chegar ao murinho onde eu deitava e ficava com o escuro. Sempre fui mais feliz à noite. Sempre me senti segura, justamente quando a maioria das pessoas sente medo.
Hoje, final de uma sexta-feira de feriado, quando dizem que não se pode comer carne e etc., depois de ter começado o dia com uma fatia de presunto, porque como dizia meu vô: não importa o que entra pela boca, mas o que sai dela, deitei no sofazinho que fica embaixo da maior janela e dei de cara com uma lua inteira. Limpinha, e se não fossem meus olhos incompetentes, talvez eu conseguisse enxergar o coelho e o rato que jogam cartas nela, que minha mãe me fez um dia acreditar que via e nunca mais deixei de ver. Mas hoje, apesar de ter uma brisa quase gelada, em vez daquela sensação gostosa, que me fazia pensar nas possibilidades de tudo, que sempre tinha ao olhar pra ela, veio um pequeno engasgo, e que triste olhar para um céu desses, numa noite dessas, com essa lua toda cheia e não poder deixar o pensamento ir até onde ele quer ir, pelo simples fato de que hoje, é sabido que nem sempre vai ser possível dividir esse cheiro de mar, mesmo que ele tenha destinatário.
Foi um prazer, noite, te ver de novo.
playlistinha - momentos
- Ouça o seu silêncio
22 de março de 2008
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